PEQUENAS FARSAS >> Cristiana Moura

Fazíamos uma caminhada, um colega e eu. Ele disse: — vamos por aqui e pegamos um atalho. Não íamos ao trabalho ou a um passeio. Tratava-se de atividade física. Caminhada em si mesma. Atalho? Estranhei.

Na tarde do mesmo dia, a nutricionista orientou-me a tomar café descafeinado.
— Doutora, mas o que eu quero é a droga. É para acordar. — O descafeinado serve, efeito placebo.

Meu filho toma leite sem lactose, dos de soja. Leite é produto animal e de mamíferos. Soja não dá leite, não, não dá.

Antes de sair, pela manhã, disfarço as olheiras que moram comigo com corretivo entre outras maquiagens que me constroem a face e colorem meus sorrisos.

Na última quinta-feira, me peguei tomando um café (cafeinado mesmo) após o almoço. O cafezinho neste horário me ajuda com a dieta porque me serve de sobremesa. Este em especial acompanha três gotas, bem pequenas, de chocolate com menta. Um pedido feito assim: — um expresso, por favor! Não há de ser computado na dieta como sobremesa.

Fico aqui pensando quantas mais pequenas farsas compõem, disfarçadamente, os cotidianos.

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