QUE VENHAM AS SEGUNDAS IMPRESSÕES >> Mariana Scherma
2014
mal apontou na reta dos boxes e eu já fiz minha resolução para o ano que vem,
que, na verdade, começou esses dias atrás. Nunca mais julgo ninguém à primeira
vista. E esse definitivamente não é daquele tipo “nunca diga nunca”, é nunca
mais mesmo. Tirar conclusões precipitadas sobre quem a gente mal conhece é a
maior perda de tempo.
Vez
ou outra, eu considero alguém antipático pelos critérios mais diversos: falta
de um oi, falta de um sorriso, falta de mostrar os dentes no sorriso ou ainda
me deixo levar pelas opiniões dos conhecidos. “Nossa, o Fulano tem mania de
limpeza”. Ai, credo e cruz, não quero ser amiga de alguém fresco assim... Como
se a questão limpeza influenciasse na amizade e na honestidade de alguém. Sem
contar que as pessoas podem não mostrar os dentes ao sorrir porque acabaram de
comer. Ou então não sorriem porque estão enfrentando seu pior dia do ano. A
gente perde muito ao julgar. É muito mais frequente eu me encantar por alguém
que, antes, julgava ser nada a ver do que me desencantar (não que os desencantos
não aconteçam, fazem parte, ué).
Embora
não mais julgar não seja garantia de que a gente não vai ser julgada, eu
adoraria que as pessoas não criassem ilusões sobre mim à primeira vista.
Conversando com uma conhecida dia desses, eu ouvi um sonoro:
_
Com essa cara de santa? Sério que você já fez isso?
E
foi aí que pensei no quanto as primeiras impressões são mentirosas. Eu posso
até ter cara de boazinha, mas devo estar bem lá para o final da lista de
pessoas comuns a serem canonizadas. Não sou santa nem quero ser. Dá muito
trabalho ser certinho o tempo todo.
Quando
a gente julga, deixa escapar o fator surpresa, importantíssimo pra fazer a vida
ter mais graça. Provavelmente, já fechei minha janela imaginária para um monte
de supostas metidas, possíveis galinhas-demolidores-de-coração, fulanas muito
maquiadas e (vai saber!)superficiais, pessoas que escrevem com certeza junto e
com n, gente que lê auto-ajuda, anunciadores de banalidades no Facebook (“tá
chovendo”, “tá calor”...). Quantas vezes nos esquecemos que ninguém é 100% chato
ou sei lá qual defeito?
Eu
cansei desse meu lado arrogantezinho. Vou me deixar surpreender pelas pessoas.
E se alguém cruzar o meu caminho escrevendo concerteza, vou corrigir (porque eu
não conseguiria deixar isso passar), mas não vou fechar a porta, não. Eu
poderia terminar o texto dizendo que gente nunca sabe o que está perdendo, mas
prefiro pensar que a gente mal sabe o que pode ganhar. É mais otimista.
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