ARTE E CULTURA: REALIDADE DOS VALORES [Heloisa Reis]
Admito que não escapo
à sensação de que estamos perdendo terreno em matéria de Cultura,
privilegiando apenas o consumo - mesmo que cultural – m frenética ânsia em busca de não se sabe bem o que para logo
em seguida nos colocarmos em busca de outra coisa qualquer.
Mas a Cultura – sim, com letra maiúscula – densa, vem de gerações, carrega valor,
é lenta... E compreende muitas de nossas atividades – todas, na verdade.
Mas será que estamos considerando a palavra c u l
t u r a devidamente? Será que achamos que só consumimos cultura
quando assistimos a um concerto ou a um filme importante, ou quando nos
interessamos por um livro ou por uma exposição de arte? E nossos hábitos e tarefas diárias,
fazem parte de nossa Cultura? Claro que sim.
Cultura é, na verdade, todas as atividades que desenvolvemos
em nosso viver, em nosso espaço e em nosso
tempo. É um tesouro que devemos
preservar, estimular e valorizar, cultivando-o.
Contudo, a cultura de
um povo é ao mesmo tempo dinâmica, influenciável, maleável, mutável, e interferências vindas dos contatos com outras
culturas sempre podem ser bem vindas – lembremo-nos da nossa ancestral cultura
greco-romana. Porém, a importância da
preservação dos valores e tradições locais são inegáveis como bens ideais .
Com base em acontecimentos históricos já se sabe que se não se cuida, se perde. Assim, vemos como a cultura dos caiçaras, habitantes da orla do Brasil, vem se
perdendo com a urbanização crescente e com o advento das comunicações
instantâneas. A pesca artesanal –
culturalmente transmitida de pai para
filho – antes necessária como forma de
conseguir alimentos, está sendo
substituída por outras atividades, agora relacionadas com a forma do desenvolvimento desses lugares .
Por outro lado, quem ainda não ouviu contar que em
acontecimentos mais recentes, bairros e regiões urbanas desvalorizadas por
sucateamento ou abandono, transformaram-se
ao serem ocupados por artistas? Conhecemos
a história do SoHo em NY, ou de Vila
Madalena em São Paulo, que passaram para um estagio muito mais valorizado quando artistas ocuparam antigos imóveis e levaram à região um alento
só possível em razão de que a valorização desses pontos vêm do forte valor simbólico da arte – atividade capaz
de promover a integração entre os habitantes de um lugar.
Esse aumento da auto estima local forma laços entre os moradores, e consequentes benefícios econômicos muito além do consumo puro e simples.
imagem: Muro de pedras
em Freixinho, foto de Nancy Yasuda
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