PALAVRAS-CHAVE [Mariana Monici]

Alguns tentam me dizer palavras-chave que suscitem sensatez (porque um tanto eu tenho, claro!), como, por exemplo, “calma!”, “tempo ao tempo”, “um passo de cada vez”, e vou confessar que ouvi-las me dá um certo tipo de aflição que sinto as bochechas esquentarem, uma descarga de adrenalina do tipo ruim. Pois pessoas guiadas pelo emocional não gostam muito de ouvir isso - preferem ouvir palavras que demonstrem apoio, efusivamente proferidas.
Tem um ditado chinês que diz que o lugar mais escuro é embaixo da lâmpada. Fiquei refletindo um pouco e pensei que talvez queira dizer que conseguimos enxergar melhor quando nos distanciamos do objeto, seja uma tela de Monet, um relacionamento, uma sala iluminada - afinal, só se pode ver a ilha estando fora dela. A principio, a palavra “distância” soa como “tempo” ou “calma”, porém como acho que é infinitamente rico observar coisas, pessoas e relações, aceito melhor “distância”.
Distância é uma coisa engraçada, porque nunca se distancia de tudo; se você se distancia de um ponto, obrigatoriamente se aproxima de outro (pra avaliar qual seria mais produtivo, o excel ajudaria).

Ao final, vejo que não tem como fugir. Que as palavras-chave sirvam, então, para aproximar-me do tão almejado equilíbrio entre a emoção e a razão, mas que na distância do mundo ou de mim mesma não se perca o que nenhum deles tem de melhor.
Outras Cenas
Imagens: Lighthouse Possibly, QuintBuchholz; Winter, Tori Amos
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