no limite >>> branco

existe um lugar
para onde meus pensamentos vão

eu conheço cada rosto
cada rua
cada esquina
os cheiros são facilmente reconhecíveis
é um lugar fora do espaço/tempo

caminho pela avenida tão conhecida
revejo amigos
revejo amores
que andam descalços pelo chão de terra batida
sentimentos fluem
cores sólidas
sonhar que cada sonho possa ser vivido
cumprir as promessas
não desviar
nenhum preço é tão alto
que não possa ser pago
imaculado é o lugar
para onde meus pensamentos vão
quando estou no limite

neste momento
sentado em minha cadeira
quebrado pelo tempo/ocupando espaço
sou alguma coisa entre o esquecido e o descartável
agora
sei sobre cada sonho que deixou de ser vivido
e um preço muito alto para que pudesse ser pago
tudo isso percebido
tarde demais

hoje me contento
em olhar para os sorridentes e descompromissados rostos
aprisionados no porta-retratos sobre a prateleira
um rosto se destaca
tão jovem e familiar
- felicidade fulgaz
borrão no céu
gota no oceano -
outros tempos outros dias









Comentários

Wilson disse…
Excelente crônica meu amigo, nos faz viajar e refletir. um grande abraço!! Parabéns tamo junto meu velho. Excelente semana!!
Carlos Eduardo disse…
A vida sob a perspectiva da espera, não existe futuro, não existe salvação. Forte, conciso e como sempre com as palavras certeiras que nos leva ao imaginário real. Coisa rara !
Mauro disse…
Gostei muito destas duas crônicas diferentes que as vírgulas e pontos e etc são colocadas conforme queremos entende-las ou não
Irani Siqueira disse…
Que linda crônica, você sabe colocar as palavras perfeitas no lugar certo. Perfeito!
Albir disse…
É ótimo acompanhar seus passos e sentidos.
Daniela Lara disse…
Só com a decorrência do tempo/espaço que consciência se dá conta deste limite. Como seria diferente se tivéssemos a consciência de que este "lugar" está sendo construído agora, neste momento... faz refletir.
branco disse…
novamente agradeço para todos os que leram, deixaram comentários, deram sugestões. todos amigos, muitos dos quais conheço pessoalmente, muitos outros não, amigo (a) de crônica ( o que me deixa "me achando"). muito obrigado e prometo, na próxima pego mais leve no tema rs.
abraço imenso !
Rafaela Calil disse…
Estou atrasada com minhas leituras essa semana.
Mais uma vez nos encantando em forma de poesia.
Obrigada, Branco
Zoraya Cesar disse…
"sentado em minha cadeira
quebrado pelo tempo/ocupando espaço
sou alguma coisa entre o esquecido e o descartável". Quase tive um looping sentimental lendo esse trecho. Acho q mexeu com algum medo profundo. Mto bom!
Carla Dias disse…
Para inspirar mergulhos interiores. Obrigada, Branco.

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