DE ONDE VIRÁ A RESPOSTA >> Whisner Fraga
O medo atocaia meus passos que namoram a fuga.
O medo me cerca e os holofotes da cidade balbuciam uma claridade que confunde.
O medo é uma sombra corpulenta a abraçar tudo em volta.
Os amigos procuram no catálogo a garrucha mais eficaz e enfeitiçam a ilusão.
Os amigos, de um minuto para outro, não aceitam mais que o medo assuste, mas a pontaria falha e eles trancam a casa.
Os dedos sapateiam barbaramente sobre a tela de um celular, compartilhando o medo.
Os amigos me acusam de não pactuar com a traição.
O medo entra e se senta, liga a tevê, se ajeita no sofá e me pede uma cerveja.
Os amigos já não reconhecem mais a mentira, mas sabem o preço das coisas. Às vezes desconfiam que o preço das coisas pode ser mentira.
Tenho medo que me enganem e me convençam que é melhor a desordem.
Tenho medo que me arranquem o medo e que o substituam por uma arma.
Tenho medo desse novo diálogo.
Tenho medo que alguns amigos se convençam que a fome é normal e que isso se chama justiça. E que a bala medie as indecisões.
Tenho medo e dele virá a resposta.
Comentários