60w


Tungstênio, sessenta watts. O espelho encara a nudez do meu reflexo. O banheiro fede. Quase duas. Ofertas de sexo reclamam espaço nas portas. Fede à masturbação. A água do chuveiro é fria. A nudez encara o reflexo no meu espelho. Azulejo azul, rejunte com restos de pressa e máculas na cor. Meu pé descalço esquenta o chão gelado. O espelho encara. Cabelos no ralo. Fede à sexo. Sessenta watts, cento e vinte hertz. A janela trancada pela oxidação. Uma e tanto da madrugada. O branco da pia fede. Restos de ofertas me encaram. A cor do azulejo tem máculas de água ardente. Oxidação tranca as torneiras. O branco da pia tem restos de masturbação. A cor do azulejo tem máculas de azul. Fede a restos. As portas reclamam espaço. Um pouco antes das duas. Reflexos no ralo. Meu espelho, algum reflexo. Sexo. O espaço reclama restos que as máculas no espelho encaram como a minha nudez. Cento e vinte hertz, duzentos e vinte volts. Uma e quarenta e cinco, água ardente. 

Preciso dormir, é demasiado tarde. 


Comentários

Zoraya Cesar disse…
como esse é um blog família, vou externar minha admiração lá no grupo. Aqui fica o meu UAU. QUE TEXTO ABSURDO DE BOM.
Carla Dias disse…
O ritmo que você impõe à leitura, devido à escolha das palavras, é intenso. Muito bom, Fred. Um cenário de percepções.

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