DE SORRISOS E LUZES DE NATAL [Ana González]
Eu estava
sentada esperando a vez para ser atendida numa loja dos correios. Antes de sentar,
olhei à volta e cumprimentei as pessoas com quem pude trocar olhar.
Não percebi
quando uma senhora sentou-se ao meu lado e se dirigiu a mim. “Será que eu
poderia ser sua amiga?”; o inesperado da situação me surpreendeu. Pensei: “Como?, é isso mesmo o que eu ouvi? Um pedido
para ser minha amiga?” Essas e outras mil perguntas aconteceram nesse momento
dentro de mim. O que dizer? O que fazer?
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZlc9JSKQe0cf7b4S0Bj-3iZEYD-za4DWvAu7l4rt6856l_3wNfQ_3NtZE4wvhdI3061jx9UK4xV9RgB7AqVYXowgF5sgtMiQ033GNtYJog4T6kYU_IyqK54_O73-1RNKVB6n2AK7kMuel/s200/natal+6+dez+12.jpg)
Em seguida, ela continuou a conversa, tirando-me
do primeiro susto. O objetivo foi diretamente colocado, explicando-me tranquilamente
o motivo da abordagem. “Você me sorriu e eu estou muito só”, disse-me. Daí então
falou mais. Mudança de cidade, de bairro, situações que todos temos na vida.
Mas e a
coragem para ir a alguém desconhecido e fazer o pedido, de onde veio? Será assim
grande o tamanho da solidão que justificasse esse movimento? Sim, porque elas
são de vários tamanhos e tipos. Quantas histórias de solidão conhecemos?
Pessoas que a vida abandonou e que não têm onde se apoiar? Estar só como num
balão ao léu ou num barco à deriva. Em um deserto sem fim. Mas, há também a
solidão que, em vez de doer, nos oferece a alma. Aquela que é amiga. Na verdade, há muitos tipos de solidão.
Talvez a
solidão não tenha sido o motivo desse gesto. Ela mesma me disse a razão. Era o
sorriso que naquele dia estava disponível para o exterior de mim. O poder de um
sorriso, só isso. Nem parece tanto. Mas foi ele que de dentro de minha própria solidão
clareou de algum modo os desvãos de uma pessoa que se sentia só. Eu estava aberta
ao mundo com ele na face e um contato se fez.
Este acontecimento fortuito me
mostrou como se resolve uma carência que, às vezes, parece até um abismo.
No entanto,
eu posso enumerar coisas – pequenas - que me fazem bem nos momentos de solidão.
São detalhes que me fazem sentir acompanhada em um contentamento justo. São simples
e acordam minha alma. Às vezes, são palavras em uma mensagem ou um telefonema,
um recado deixado na secretária. Até as luzes de Natal podem ter essa função e me
colocam um sorriso no rosto.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgA1hH1NIRA1qB2bfmKRyAWboentuYftzOUuJ8ms3B33G8IZ9kC_pKOU-o_nle5242gKD6OkOGefLVDcuSY88O-GykREHyOexeEPTokMzCwLMtOc0_9AjWXTqGiqBI69qRvezlE2oEcFD55/s200/natal+4+dez12.png)
E, de
repente um deles, um sorriso distraído, teve essa função de trazer alguém para
um contato. Ele acordou uma pessoa, promessa de amizade. Naquele dia, lhe
disse: "Sim, obrigada pelo convite. Eu gostaria muito de ser sua amiga."
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiybQg2UmceDV9pJ-H4xGj-W_SKyQK9BNQYvaezn4LEQO2EAtHO_1yaOKkBPjG7QhpOe8On_e1MKFE-GnAygcmF5UjpjcStbG-9BZxbknLVdDlCn_eV6Hjb12fwoXMtBy5_SERcX-QN_AGy/s200/natal+2+dez11.jpg)
Comentários
Espero poder continuar ser seu amigo neste ano, no qual o mundo não acabou, e em outros próximos anos até que nosso mundo se acabe.
Um Feliz Natal para você e sua família.
Luiz Roberto