MINHA LISTA >> Carla Dias >>
Eu não nasci para listas...
Não fiz lista de mocinhos que beijei, quando era adolescente. Lia a lista das minhas irmãs e amigas, o que não deixava de ser interessante, até porque depois conferia a cara dos moçoilos lá na escola e ficava pensando se também eu os beijaria.
A lista de livros que devia pegar na biblioteca municipal se desfazia assim que eu botava os olhos nas prateleiras. Eram tantos que a lista ficava na bolsa. Voltava pra casa com, no mínimo, três exemplares. Nenhum deles estava na lista.
Fazer lista para ir ao supermercado é algo que me proponho a consertar. É que sempre faço, nunca uso e volto pra casa com itens faltando e outros sobrando. Tenho esperança de, dia desses, render-me ao valor da lista de supermercado, até para diminuir as idas e vindas carregando sacolas ecologicamente incorretas.
Obs.: Incluir na lista de supermercado uma sacola ecologicamente correta.
Acredito que a lista mais popular é a do que se deseja realizar durante a vida. Eu fiz uma quando ainda sonhava em arranjar um emprego e cair no mundo. Era mais ou menos assim:
- arrumar um emprego
- cair no mundo
- cair no mundo
Posso dizer que realizei minha lista capenga, já que essa deveria conter 10 itens... E existe até de 100! Enfim, arrumei um emprego e cai no mundo... De cara!


Fato é que algumas listas têm seu charme, melhor, alguns autores de listas são tão caprichosos na sua função que podemos chamá-los poetas. E há aqueles que não vivem sem uma lista: dos presentes que têm de comprar, telefonemas a fazer, amigos para visitar, médicos que precisa consultar. Para essas pessoas, ticar itens das suas listas é um prazer... Prazer, sabe?
Há alguns anos, um amigo, sabendo da minha paixão pelo cinema e pela televisão, pediu que eu fizesse uma lista de filmes e seriados para que ele saísse um pouco da rotina do gosto próprio. Confesso que demorei a fazer a tal lista. Meu amigo disse “aponte os seus preferidos”, e daí que me atrapalhei toda! Essa coisa de preferido é cilada...
Algumas semanas depois, mandei a ele a primeira versão da única lista que fiz com dedicação. Como títulos de filmes às vezes são duplicados, apontei o título original, ano de lançamento e nome do diretor.
Meu amigo teve de engolir que eu não sou boa com listas, mas aceitou a minha filha única com respeito... Quer dizer, antes disso, ele questionou bastante sobre eu realmente ter assistido aquilo tudo.
Fato é que algumas listas não têm fim, por isso parecem tão divertidas ou necessárias. Você tica um item, tica todos, e vai logo acrescentando outros. O mesmo se deu com a minha lista, que está em constante transformação, porque não paro de incluir itens. Mas o que gosto dela é que não dá pra ticar... O que lá consta já aconteceu, então, é uma lista de benquerenças, não de expectativas.
Apesar do esmero que dedico à minha lista, confesso que não quero entrar na onda de procriá-las. Certas coisas devem ficar fora das listas e da necessidade de realização que vem junto. Certas coisas não são necessidades... São conseqüências de outras.
Quer conhecer a minha lista? Clique aqui.No mais, espero que os listeiros de plantão se dêem bem melhor com suas listas do que eu com as quase-listas que fiz nessa vida.
A do supermercado, prometo, vou praticar.
Obs.: Incluir na lista do que se deve praticar “conceber e usar lista para fazer supermercado”.
www.carladias.com
Comentários
não sei, quando fazemos uma lista parece que queremos organizar uma coisa que não é e nem precisa ser organizada... sei lá... coisa da maluca com TOC aqui :)
bjo!
Eduardo... Juro que a idéia não era copiar a sua lista, mas confesso que fiquei com inveja, porque não pude estar na sua lista paulistana, então resolvi falar sobre a minha... Mas eu prefiro a sua : )
Ainda na questão lista, tinha uma amiga que era maníaca por post it... a lista dela virava dezenas de post it espalhados pelo computador, praticamente uma árvore de natal da 3M.