A MENINA QUE RI >> Whisner Fraga

a menina descobre que é volúvel.

a volubilidade imprevista do tempo.

a menina não quer nada que já não seja dela.

e isso dói.

a menina se dedica a buscar alentos e percebe que isso é bom.

sabe que viver consigo é esse duelo.

às vezes desaba, mas logo a distração lhe mostra que é melhor se levantar.

a menina tateia evidências e quer o mapa das coisas.

o mapa da benquerença.

o mapa da euforia.

mas o mundo só lhe entrega um rumo bifurcado.

a menina prende os cabelos, enlaça os olhos do pai e há ali proteção e brutalidade.

a menina tem amigos e nenhum se importa.

depois se cala, porque o silêncio é uma vastidão.

Comentários

branco disse…
o homem sentado na varanda. desvia os olhos das paredes e olha a menina. durantes várias quinzenas o homem que olha a parede desvia seu olhar para a menina. enternecido, eufórico, aventureiro, os diversos espíritos do homem acompanham os da menina. hoje o homem que olha as paredes criou coragem para escrever para o outro homem, aquele que não está na história, e entende que não é preciso falar. a menina se basta e a mim isso basta.
whisner disse…
a menina sempre se bastará e isso é bom. contemplá-la é mais bonito que tudo.
Sandra Modesto disse…
" O silêncio é uma vastidão". Comovente e significativo demais. Ah, essa menina... falando o mundo em suas situações diversas. Linda crônica.
Zoraya Cesar disse…
Whisner, é tanta beleza espalhada em cada frase que até me assombra.
por favor, comece a pensar em publicar um livro ilustrado só com a Menina.
Precisamos de encantamento.
Albir disse…
Que a menina continue nos encantando!

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