LIQUIDAÇÃO DE CORPOS >>> Sandra Modesto
Leio as notícias pela internet.
Olho observando incrédula.
Há alguns vídeos e imagens.
“Quem quer mais?”
Um monte de gente pedindo:
“Por favor, manda mais”.
Desço a tela. Não é tela de pintura. Não é tela para proteger animais. É uma realidade roendo meus diários. Pessoas mortas. Espancamentos.
Domingo tem missa, tem reza, tem prece, tem oração.
Cristãos vestindo camisetas com a estampa: “Jesus salva”
Depois estanca,
Depois de tudo,
Ficou um pouco. Um pouco de sangue na calçada. Um pouco de muita esperança despedaçada.
Ficou um pouco de cheiro dos destroços.
Muitos choros espelhados e rimas tristes.
Famílias cheias de dor. Acreditar em mudanças em 2020?
É querer demais.
Vou estocando minhas palavras. Quem sabe um novo livro...
Enquanto relembro do sangue, muito sangue, muitos tiros. Oitenta.
A menina que queria ser bailarina morava na favela. A mãe chora. O pai chora. A menina era preta.
Amar alguém do mesmo sexo, não pode! Faz mal, neste conservadorismo tóxico.
Juventude dançando. Pronto. A festa acabou.
O Brasil virou uma grande pátria armada de ódio. Eu escolhi amor e igualdade. Perdi.
Eis que entendi: Estou diante de uma sociedade colapsada.
Notícias piores chegarão. Aja coração. Dilacera e vai!
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