O JOGO >> Eduardo Loureiro Jr.
As regras eram as seguintes:
a) eu pediria insistentemente;
b) ela negaria até o fim.
E depois:
c) ela mudaria de ideia e me ofereceria o que eu havia pedido antes;
d) eu, por minha vez, recusaria a oferta.
Esfreguei os olhos com a lateral dos dedos indicadores. E lhe pedi o anel.
Ela negou.
Friccionei a manga direita da camisa sobre meu olho esquerdo. E lhe pedi novamente o anel.
Ela continuou negando.
Perguntei a ela se havia um cisco ou um cílio em meu olho.
Ela moveu suavemente seu polegar e o indicador direito sobre o meu rosto, abrindo delicadamente meu olho esquerdo.
"Não vejo nada", ela disse. Mas continuou passeando os dedos em meu rosto à procura da causa de meu incômodo.
Eu agradeci a tentativa. E renovei o pedido do anel.
Ela renovou a negação.
Eu argumentei. Depois supliquei.
Ela, "não". E "não".
"Pensando bem, vou lhe dar o anel".
"Não, obrigado".
"Mas você queria tanto".
"Nunca quis".
"Mas você pediu".
"Pedi o que você não me daria para que você me desse o que você me deu e que não adiantaria eu lhe pedir".
"Mas eu não lhe dei nada".
"O carinho no rosto, o carinho que eu tanto queria".
Comentários
Bj,
Tia Monca
Obrigada, por tornar o meu começo de semana tão poético.
=)