UNS PÉS >> Eduardo Loureiro Jr.
Enquanto ela massageava deliciosamente meus pés, eu falei sem desconfiar que abalaria sua auto-estima sexual:
— Isso é melhor do que sexo!
Do próprio Jesus Cristo, eu não invejo o poder de fazer milagres, mas o fato de ter tido os pés lavados, e depois enxutos, pelos cabelos de Maria, a irmã da trabalhadora Marta. E o reconheço como Mestre não por ter morrido numa cruz, mas por ter lavado os pés de seus discípulos.
Cabeça, coração, olhos, sexos... partes do corpo tão presenteadas com louvores em contos, romances, versos e canções. E o que sobrou para os pés? Um jogo estranho com a mais incompreensível das regras: o impedimento. Mesmo assim, em sua humildade, os pés transformam chute em dança.
Quando dormimos, eles estão de pé, alertas, prontos para qualquer eventualidade. Quando despertamos e nos levantamos, eles nos suportam, passo a passo, muitas vezes aprisionados em chinelos, sandálias, sapatos.
Se à minha futura esposa me fosse permitido fazer um único pedido, eu arriscaria que ela não me fosse fiel na alegria e na tristeza, pedindo apenas: "Amolegue meus pés todas as noites antes de dormirmos." Ela diria que sim, parecendo-lhe fácil. E eu ficaria me perguntando: será que ela sabe amolegar uns pés com firmeza e suavidade, sem cansaço nem pressa?
Se ao cavalheiro cabe pedir ao pai de sua pretendente a mão de sua filha em casamento, não seria justo que a nobre dama pedisse à mãe de seu pretendente os pés de seu filho?
Ah, quando o ser humano descobrir que a felicidade vem pelos pés...
— Isso é melhor do que sexo!
Do próprio Jesus Cristo, eu não invejo o poder de fazer milagres, mas o fato de ter tido os pés lavados, e depois enxutos, pelos cabelos de Maria, a irmã da trabalhadora Marta. E o reconheço como Mestre não por ter morrido numa cruz, mas por ter lavado os pés de seus discípulos.
Cabeça, coração, olhos, sexos... partes do corpo tão presenteadas com louvores em contos, romances, versos e canções. E o que sobrou para os pés? Um jogo estranho com a mais incompreensível das regras: o impedimento. Mesmo assim, em sua humildade, os pés transformam chute em dança.
Quando dormimos, eles estão de pé, alertas, prontos para qualquer eventualidade. Quando despertamos e nos levantamos, eles nos suportam, passo a passo, muitas vezes aprisionados em chinelos, sandálias, sapatos.
Se à minha futura esposa me fosse permitido fazer um único pedido, eu arriscaria que ela não me fosse fiel na alegria e na tristeza, pedindo apenas: "Amolegue meus pés todas as noites antes de dormirmos." Ela diria que sim, parecendo-lhe fácil. E eu ficaria me perguntando: será que ela sabe amolegar uns pés com firmeza e suavidade, sem cansaço nem pressa?
Se ao cavalheiro cabe pedir ao pai de sua pretendente a mão de sua filha em casamento, não seria justo que a nobre dama pedisse à mãe de seu pretendente os pés de seu filho?
Ah, quando o ser humano descobrir que a felicidade vem pelos pés...
Comentários
Seu texto me fez lembrar o livro "Abaixo das canelas" de Eva Furnari. Ele compõe bem com sua crônica.
Beijinhos
Mas sabe que é verdade, o meu primeiro namorado fazia uma baita massagem nos meus pés sempre que eu pedia - ou não (e nas costas e onde mais eu quisesse oficórse). Acho que essa uma mistura de humildade com adoração que faz com que nos sintamos quase Deuses quando o foco das atenções são os nossos pés, né?
Que assim seja o seu desejo, meu querido. Quando virás novamente?
Beijo,
podo(pés) + latria(adoração)= podolatria/ adoração dos pés.
O comentário do dia nacional da podolatria fui eu quem enviou. Sem querer fiquei no anominato. Você sabe que tem muitas mulheres querendo ter um homem aos seus pés?
Esse negócio de "pé" é meio complicado.