EU E AS BIOGRAFIAS >> Clara Braga

Sempre gostei de tudo que envolve o tema criatividade. Seja um livro sobre o assunto, um curso ou só um bom bate-papo sobre o tema.

Em um livro que li, o autor dizia que uma das formas que ele considera interessante para manter-se criativo é lendo biografias de pessoas que você admira. A história dessas pessoas pode acabar sendo inspiradora.

Nesse dia, percebi que eu lia pouquíssimas biografias e decidi acrescentar esse tipo de livro na minha pequena enorme lista de livros para ler.

Na época, eu estava querendo voltar a tocar bateria e estudar música, então achei que seria legal ler a biografia de algum músico que eu admirava.

Foi assim que comecei a ler a biografia de Dave Grohl. Além dele ser um super baterista e ser o frontman de uma das minhas bandas prediletas, ele tocava com Taylor Hawkins, um dos meus bateristas prediletos.

Um dia, antes de dormir, li a parte do livro em que ele comentava sobre a amizade dele com Taylor, é um trecho um tanto emocionante do livro. No dia seguinte, pela manhã, meu marido me deu a notícia: você viu que o Taylor Hawkins morreu?

Desde esse dia, a biografia está lá, marcada na mesma página e eu nunca mais voltei a ler.

Biografias tem isso, você se sente próxima daquela pessoa, quase como se fosse um conhecido seu. Ou seja, após ler sobre a amizade deles, parece que eu conseguia sentir um pouquinho (bem pouquinho) de como devia estar sendo para Dave a perda de um amigo que mais parecia sua alma gêmea. Isso sem contar o fato dele já ter lidado, anos antes, com a trágica morte de Kurt Cobain, o que deixou tudo ainda mais difícil.

Voltei então a ler outros tipos de livro, e posso dizer que li alguns maravilhosos, inclusive tirei o atraso de alguns livros que eu acho que era a única pessoa no mundo que ainda não havia lido, como Torto Arado.

Porém, nesses últimos dias, senti que já era hora de dar uma nova chance para as biografias. Havia ganhado de aniversário a biografia de Matthew Perry e comecei a ler. Nesse último sábado, após colocar os filhos para dormir, comecei a ler a parte na qual ele contava sobre um dia em que seu coração ficou 5 minutos sem bater, mas um médico, que não queria ser a pessoa a anunciar a morte de uma das estrelas de Friends, conseguiu reanimá-lo. 

Nessa hora recebi uma mensagem no celular: você viu que o Chandler morreu?

Achei que era uma piada, não era possível que acontecesse uma coincidência daquelas.

No fim, era possível sim. Matthew Perry morreu enquanto eu lia sobre o dia em que ele sobreviveu. E assim mais uma biografia voltou para a estante, com a página marcada, mas sem muita perspectiva de ser lida.

Talvez seja melhor eu encontrar outras formas de exercitar minha criatividade.  

Comentários

Clarinha, fico lisonjeada por ser sua tia. Como você escreve desforma tão esclarecida é muito bem! Parabéns! Adorei sua crônica. Beijo
Soraya Jordão disse…
Clara, por favor, se um dia eu publicar minha biografia, não leia!
Fiquei muito impressionada com a sequência dos fatos. Muito! A saída é ler a biografia dos falecidos. Adorei o texto.
Jander Minesso disse…
Meldeeels, Clara! E se você começar a ler a biografia de uma galera que você odeia, de repente? Aliás, se mexer um pouco nessa ideia dá pra tirar uma baita história, né?
Zoraya Cesar disse…
Puxa, e eu to doida há um tempão pra ler o Dave Grohl, ele é um tremendo contador de histórias!
Agora, que coisa hein? Vc nao quer ler a biografia de alguns de nossos políticos não? heheheeh
Clara, não penso escrever uma biografia, mas caso isso aconteça por favor não a leia!!! Eu curto ler biografias de vez em quando. Você já leu a da Clarice Lispector? Senão eu recomendo!
Albir disse…
Você poderia prestar um grande serviço à humanidade se começasse a ler CERTAS biografias.

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