FADIGA E POESIA >> Cristiana Moura

 Um cansaço.

Tamanho cansaço não há de ser, simplesmente, oriundo de um dia ou semana de trabalho puxados. 

 

Ela respira fundo, se deita no sofá amarelo que mal a cabe, se perde em pensamentos intrusivos dos mais variados. É fadiga tal, que mesmo o corpo deitado como se em repouso, não passa. Deve ser a tal crise da meia idade? Perguntou a si mesma.

 

Foi quando ali, deitada, deparou-se com um trecho de Adélia Prado: “Eu quero uma licença de dormir, perdão para descansar horas a fio sem ao menos sonhar a leve palha de um sonho.”

 

Sem precisar compreender mais nada, cochilou.

 

 

 

Comentários

Jander Minesso disse…
Eu tô com a personagem. Dormiria umas 12 horas em paz se pudesse.
Soraya Jordão disse…
É tênue o limite entre cansaço e desânimo. Às vezes, é só vontade de dormir, às vezes, de sumir.
Zoraya Cesar disse…
Sem precisar compreender mais nada, mas tendo compreendido tudo. Adélia Prado sempre nos salva. E nós temos de aprender a proteger o nosso sono dos questionamentos externos e internos. Belo texto, que desperta a atenção sobre essa sutileza que é dormir por dormir, para descansar da vida sem deixá-la.
Albir disse…
Sim, uma licença para dormir um sono que entorpecesse, curasse, remendasse. Apenas um sono.
Nadia Coldebella disse…
Eu gostaria de dormir 3 días. Igual a Adelia diz, sem sonhos. Sem qqr consciência de existir. Só apagar.

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