QUAL É A PERGUNTA DE HOJE? >> Ana Raja


Respeito é uma forma de amor, e há quem não ame muito bem. Isso me entristece. Ter de escrever frequentemente para proteger nossa verdade, prova que precisamos dar mais espaço para ele, o respeito. Para ele, o amor.

Venho recebendo mensagens sobre como pareço feliz. Elas trincam essa felicidade. 

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Nossa! Como você anda aparecendo em eventos!

Sua escrita é linda, e, às vezes, parece a escrita de alguém apaixonado.

Você anda bem solta pra uma mulher casada, hein?

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Como diz a minha amiga, Soraya, não tenho paciência nem tempo para insinuações e falsos elogios. O que mais me intriga, e decepciona, é que são mensagens enviadas por outras mulheres. 

Ter uma vida social é saudável, certo? Eu sou apaixonada, aliás, por muitos projetos e pessoas. Para mim, ser casada não significa deixar de existir.

Me sinto confortável em saber que a escrita é minha companheira e que posso escrever sobre o que desejar. É incrível ser capaz de me misturar às palavras, às histórias e aos personagens. Eles permitem que eu reconheça algumas sensações distantes de mim. Também empresto aos protagonistas da minha imaginação sensações, vivências, desafios, ternuras que ajudam a me construir. Assim, eu me sinto livre. 

Eu sou livre, e nunca pensei que teria de sair em defesa da minha liberdade por conta da incapacidade de outros de entendê-la e vivê-la.

O meu trabalho está aí, para quem quiser conferir. Para saber de mim, na profundidade de quem sou, escolho os que amo e considero. A ironia é que, para essas pessoas, eu não preciso me explicar. O meu sorriso, as minhas ações, os meus abraços e beijos bastam.

Eu me interesso pela vida, pelos meus amigos, minha família e me dedico ativamente aos meus sonhos: os dizíveis e os indizíveis. Sou livre. E você? Porque eu desejo a todas as mulheres, independentemente da personalidade ou estado civil, o direito à liberdade. A garantia de respeito. Amor.

O meu caminho é esse.

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Imagem © Jill Wellington, por Pixabay

anaraja.com.br

 

Comentários

Soraya Jordão disse…
Minha amiga querida, você é! Livre, linda, lírica, mulher e resistência. Amei a crônica.
Jander Minesso disse…
As famosas ELOFENSAS. Quem nunca foi vítima delas? Sinto muito pelos motivos que te levaram a escrever este texto, Ana. Mas como diria o Galvão: seeegue o jogo!
Zoraya Cesar disse…
Ana, seu texto representa todo mundo, homens e mulheres que querem simplesmente viver em sua plenitude e são felizes sendo quem são. Parafraseando Tom Jobim, ter sucesso é ofensa pessoal. A maioria não suporta ver alguém, o amigo, colega, até parceiro de bem com a vida e dá um jeito de dar uma alfinetada. Ou, como aprendi agora com o Jander, uma elofensa. Adorei saber.
Albir disse…
Como disse o Jander, "Sinto muito pelos motivos que te levaram a escrever este texto", mas comemoro o resultado e reafirmo o desabafo.
whisner disse…
a palavra será sempre maior do que tudo.
Nadia Coldebella disse…
Não haverá um escritor legítimo que desconheça perturbações. Sempre haverá algum incômodo iluminando a ponta de uma caneta.

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