A PERGUNTA CERTA >> Clara Braga
Em Brasília, ser concurseiro virou profissão. Difícil encontrar quem nunca tenha feito um concurso e é ainda mais difícil encontrar quem nunca tenha ouvido o famoso conselho: porque você não faz um concurso para ter estabilidade?
No meu caso, a estabilidade financeira acabou com minha estabilidade mental e eu desisti do meu cargo público. Desde então vejo caras de reprovação, como se eu tivesse cometido um erro muito grave, e escuto várias perguntas que não ajudam muito, algumas até me fazem um tanto mal.
Uma das mais clássicas é: mas e agora, como vai pagar suas contas? E eu me pergunto como elas acham que as pessoas não concursadas pagam contas, será que todas as pessoas no mundo que não são concursadas vivem de favor?
A outra pergunta constante é: mas e agora? Para essa eu realmente não tenho uma resposta pronta, mas estou bem com isso, logo, ninguém mais deveria se incomodar.
Mas a pergunta que mais dói com certeza é: mas e seu filho? É difícil saber que tem coisas que antes era fácil dar para ele e que agora não são, mas prefiro encarar como uma situação temporária. E digo mais, sempre disse isso para minhas amigas e hoje digo para mim: nenhuma criança merece o peso da infelicidade dos pais.
E depois de muito refletir sobre essas questões, fui surpreendida com uma pergunta nova que uma pessoa me fez esses dias e que agora eu estranho ninguém ter perguntado isso antes, afinal, essa sim é a pergunta certa a ser feita: você está feliz?
Sim, muito!
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