PERDIDA EM FRANCÊS >> Cristiana Moura



Mal acabara a aula e logo saí da Aliança Francesa, sem me dar conta de que sentido eu deveria seguir. Objetivo: andar e conhecer a cidade. Caminhei um bocado sem saber onde estava ou mesmo em que direção seguia. Desfrutei de um prazer inefável em desconhecer o norte — é uma tal liberdade! Porventura, quando me dei conta, estava defronte ao Museu de Belas Artes de Lyon. Adentrei. Dentre tantas obras me apercebi enternecida diante às esculturas de Étienne-Martin. Perdida, encontrei-me.

Reencontro um silêncio em mim mesma que há algum tempo não saboreava. Sim, silêncio tem gosto, tem cheiro, tem, inclusive, som de silêncio. Experimento tal quietude graças ao meu parco francês a refrear a incontinência verbal que, em muitos momentos, manifesto.

Que eu possa ganhar palavras, verbos e frases em francês, a cada dia, sem perder o silêncio no qual consigo respirar melhor!

Comentários

Zoraya Cesar disse…
Que delicada essa crônica! Que seu lindo desejo se realize, Cris!
Albir disse…
Em Paris as palavras calam fundo e os silêncios parecem gritar.
Carla Dias disse…
Cristiana, você me levou a Paris com esse texto, mergulhando-me no deslumbramento pela arte e no desafio fantástico que é abraçar um novo idioma.
Obrigada.

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