CANÇÕES DE AMOR SÃO UMA DROGA >> Carla Dias >>


Que de amor já se fartou. 

Agora, efemeridade é pré-requisito para relacionamento. Nada de benquerer até faltar o ar, de quando dói a ausência do outro ou sua presença se assemelha ao frenesi causado por uma realização que se mostra impossível. 

Ele sabe: amor é coisa de louco. 

De loucura de quem tem a mente desarranjada mesmo.

Curou-se de vez do último amor que amou. Ele que quase chacinou a capacidade dele de raciocinar. 

Começou ignorando canções de amor. Aquele sofrimento todo, com um desfecho besta, de felicidade insossa ou um rompante, que, até parece alentador, mas é enganação pura.

Não quer mais sentir o estômago se negar a receber alimento, só porque a alma está faminta pelo o quê? 

Amor. 

Desapontado consigo por ter pensado a respeito, devolve o disco à sua capa e o esconde dentro da estante. Elvis Presley não sabia o que cantava. 

Sai de casa, e ao fechar a porta atrás de si, solta a voz, tão sem querer, tão afinado:

love me tender, love me true, all my dreams fulfilled... 


Imagem: vintage postcard (1920)

carladias.com
talhe.blogspot.com

Comentários

branco disse…
de amor já se fartou...
Nada de benquerer...
amor é coisa de louco...
de quem tem a mente desarranjada...
Aquele sofrimento todo, com um desfecho besta...
mas...
a alma está faminta pelo o quê?...
Amor. ...
Sai de casa, e ao fechar a porta atrás de si, solta a voz, tão sem querer...
love me tender, love me true.

Me desculpe por recortar sua crônica, mas foi exatamente assim que vi, as palavras saltitando fora da crônica, acho que por isso é tão bela.

Zoraya Cesar disse…
Canções de amor são mesmo droga pesada. mas não podemos viver sem elas. Que delícia, ainda citou Elvis! E ainda tivemos uma palhinha do Lord White. Momento afortunado mesmo!
Albir disse…
Vai por aí negando as armadilhas até cair de novo. Depois recomeçam os lamentos.
Carla Dias disse…
Ah, Branco... prazer o meu ter uma crônica recortada e melhora pela sua pessoa.

Zoraya, eu que não vivo sem música, também jamais abriria mão das canções de amor. Mas é sempre interessante se observar quando desejamos calá-las e não conseguimos.

Albir, até os lamentos são parte do repertório, né

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