A RAIZ DO PROBLEMA >> Clara Braga

Antes de começar a ler essa crônica tem três coisas que eu gostaria que todos soubessem e que a princípio elas não vão fazer sentido, mas lá no final vocês vão entender tudo! A primeira coisa é que eu tenho provas de que o mundo ainda tem muitas pessoas indelicadas, a segunda é que eu moro no mesmo lugar há 18 anos e o vizinho de baixo é o mesmo desde que chegamos aqui no prédio, e para terminar saibam que essa é uma crônica/explicação, pois vou aproveitar para explicar a minha falta aqui na semana passada!

Bom, tudo começou depois que eu terminei um agradável almoço com meu namorado e estava voltando para casa pensando nas coisas que eu tinha que fazer naquele dia. O sinal fechou e eu parei, pois eu achava que era isso que significava o sinal estar vermelho, mas pelo visto não significa a mesma coisa para todas as pessoas com carteira de habilitação no mundo!

Já estava parada, eu e todos os carros que estavam ao meu lado, e enquanto olhava para o sinal esperando que ele abrisse... POW!! A pessoa que vinha atrás de mim pelo visto não percebeu que todos os carro a frente dela estavam parados e bateu em mim. Ou então sofre de daltonismo, mas como era mulher é pouco provável, pois segundo uma das poucas aulas que eu lembro de biologia, é muito raro mulheres serem daltônicas!

O pior de tudo foi o susto e a cabeça que acabei batendo! A visão apagou e eu fiquei tonta e enquanto isso a mulher que bateu em mim simplesmente teve a maravilhosa atitude de nem sair do carro pra ver se estava tudo bem (o que explica o fato de terem pessoas indelicadas no mundo). O carro mesmo não amassou, o impacto não foi forte o bastante, mas como eu me senti mal resolvi ir ao hospital!

Infelizmente ir ao hospital fazer exames de tomografia e raio-x significa que você vai passar o dia inteiro no hospital até saber se está tudo bem (o que explica o fato de eu não ter conseguido escrever semana passada). Mas o que interessa é que está tudo bem, só o médico que deixou uma recomendação curiosa: “Lesões na cabeça podem aparecer até três semanas depois da batida, então fiquem atentas (eu e minha mãe que estava me acompanhando), se ela começar a parecer meio dispersa, ter perda de memória, e a não falar coisa com coisa, voltem aqui para que a gente faça outro exame, ok?”

E depois que saímos da sala minha mãe solta a piada: “não falar coisa com coisa? Essa vai ser difícil, mais do que você já fala?” E começou a rir! Bom, pelo menos ela esperou sair do consultório para fazer essa piada, mas não adiantou muito, pouco tempo depois eu tive minha vingança!

Minha mãe tem déficit de atenção, ou seja, é dispersa, ela é a pessoa mais sem memória que qualquer pessoa da minha família já conheceu, e quando estávamos chegando em casa um rapaz estava saindo da portaria e segurou a porta para a gente entrar. Agradecemos e entramos. Como o apartamento ao lado do nosso foi vendido, minha mãe me perguntou empolgada enquanto subíamos: “Será que esse moço é o nosso vizinho novo?” E nessa hora eu tive vontade de dar meia volta e voltar ao hospital, pois com certeza quem precisava urgentemente de uma tomografia era minha mãe!

O moço que abriu a porta para a gente é o mesmo vizinho que nós temos e convivemos há 18 anos (o que explica eu dizer o tempo que moramos no mesmo lugar)! Bom, não sei se vão concordar comigo ou não, mas nesse momento eu fiquei bem tranquila, se eu tiver algum problema em não falar coisa com coisa as chances do problema ser genético são muito mais altas do que ser por conta da batida, não é mesmo mãe?

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