EU, DONA DE CASA >> Fernanda Pinho



Dizem que a maternidade traz para a mulher dois brindes, além do bebê: o primeiro é a plena compreensão de todas as atitudes de sua própria mãe. O segundo, um instinto que se abre como um pára-quedas de emergência, revelando nela um desconhecido dom para proteger e cuidar. É como eu me sinto no momento. Não estou grávida, mas agora tenho uma casa e as sensações me parecem semelhantes.

Hoje faz uma semana desde que eu e meu noivo estamos vivendo só os dois. Sem a minha mãe, sem a mãe dele. O que me configura na prosaica categoria de dona de casa. E o que posso dizer depois de uma semana é que estou impressionada.  De repente, todas as manias da minha mãe começaram a fazer total sentido. A de limpeza principalmente. Estou assustadoramente igual a ela. Pensamentos do tipo "preciso lavar umas calças de jeans" me assaltam no meio do trabalho (e o fato de eu trabalhar em casa, só agrava a situação). Separo o lixo para a coleta diariamente, mesmo que sendo duas pessoas não produzamos tanto lixo. E não consigo dormir se tiver um garfo sequer sujo na pia. Que TOC é esse desenvolvido em uma semana? De onde saiu isso?

Outra surpresa: mais que fazer, estou fazendo bem. Eu jurava que minha empreitada no comando de uma casa renderia crônicas cheias de trapalhadas e confusões, mas sinto decepcioná-los. Até o momento, não quebrei nada, não esqueci de nada na lista de compras, não queimei nenhuma roupa, não deixei nenhuma comida passar do ponto. Pois é, estou até cozinhando e o resultado é até comível. E digo mais: desde que nos mudamos, não comi fast-food nem comida congelada. Meu sonho de criança de que quando eu tivesse uma casa só pra mim almoçaria todos os dias no MC Donalds e encheria minha geladeira de Danoninho simplesmente desapareceu.

Eu, que até dois meses atrás não sabia cuidar nem do meu guarda-roupas, agora estou cuidando. Da casa. Dele. De mim. E mais que cuidar bem, estou gostando de cuidar e concluindo que cuidar de uma casa e de outra pessoa é um excelente estágio para a maternidade.

Agora deixa eu ir porque tem panela no fogo!


Imagem: Divulgação TV Globo

Comentários

Samara disse…
Bem por aí. Não sei se acontece com todo mundo, mas quando vc se ver administrando uma casa, vc desenvolve todas essas neuras e "dons". Seja as tarefas domésticas, seja o orçamento domiciliar ou seja cuidaidando de outrem, seus companheiros de lar, tudo se torna natural. Ainda melhor quando vc se sente bem com tudo isso. Que continue tudo ótimo por aí, Ferdi!
Paula irmã disse…
Quero só ver como que tá essa dona de casa quando eu for aí...
E quando vier em julho vou deixar vc dar uma geral aqui em casa! Pra te avaliar!!! kkkkkkkkk
Boa sorte!!!
Bjooos
Unknown disse…
Eu já sou meio que neurótica sem ter minha casa, imagina quando tiver. Meu grande problema será a comida, acho que não terei a mesma facilidade que vc, aliás, tenho certeza...rs

Felicidades amiga!
bjs
Fernanda, Deus te conserve assim. :)
Josiane Caetano disse…
Eu pensava que tinha virado dona de casa qdo me casei. Descobri que dona de casa a gente vira mesmo quando tem filho.Não tem em comparação, aguarde...
Kika disse…
Perfeito. É o melhor caminho para a felicida: o cultivo das coisas prosaicas e amorosas! :)
um beijo!

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