CHAPÉUS E CARRUAGENS
>> Albir José Inácio da Silva
Catarina, que também é Catá para os amigos, foi às lágrimas com o casamento da quase xará, Sua Alteza Real, a Princesa Catherine – Duquesa de Cambridge. Cavalos, carruagens, palácios e chapéus – muitos chapéus. Não entendia nada da pompa dos cerimoniais, mas os especialistas foram pródigos nas análises que duraram todo o final de semana.
Passado o casamento, a preocupação agora é a gravidez da princesa. Tem que haver um principezinho pra virar rei quando a rainha morrer, o avô morrer e o pai morrer. Mas deve nascer logo senão fica todo mundo nervoso.
Outra obrigação da princesa é não chorar em público. Nem no próprio casamento. De que adianta um casamento daqueles se ela não pode chorar? Catá chorou tudo no seu casamento com Joca, um casamento coletivo para vinte e oito casais promovido pela paróquia. Ninguém se importou: “chora mesmo, minha filha, que casamento não é todo dia”. E tem outras coisas que a gente precisa chorar: velório, nascimento de filho, Dia das Mães, formatura. Não chorar é quase uma condenação.
Disseram que só se pode comer enquanto a rainha estiver comendo. Isso não seria problema para Catá porque sua sogra nunca para de comer. Achou um desaforo que só a princesa é obrigada a usar aliança; o príncipe pode sair por aí todo solteiro. Princesa também não faz compras nem anda sozinha. De que adianta todo aquele dinheiro, se ela não pode ir ao shopping?
Catá ficou sabendo ainda que não se pode desmanchar casamento na família real. Não impunemente, sem cair em desgraça, perder os títulos e ser excomungada.
Ela ficou encantada com o príncipe, uniforme de gala, piloto de avião. Joca pilota um caminhão e, apesar dos protestos de Catá, é muito desleixado. Sempre que pode, ela compra umas roupas, mas parece que não adianta. Tudo nele fica meio torto. Anda se sacudindo que nem capoeira. Não podia andar retinho, cabeça erguida, como um príncipe? Afastou qualquer classificação de Joca numa escala entre sapo e príncipe.
Catarina não dormiu a noite inteira sonhando com príncipes e castelos. Mas o sol trouxe luz sobre seus pensamentos. Gosta de ser plebeia. Pode chorar na hora que quiser. Pode comer quanto quiser. Pode dar um fora na sogra quando precisar. E não é obrigada a assistir, sem crise de riso, chapéus que lembram a arca de Noé.
E o mais importante: se Joca ficar galinha, gay ou violento, leva um pé na bunda e ela continua princesa.
De qualquer forma, virou pro lado e deu um beijo no Joca.
Passado o casamento, a preocupação agora é a gravidez da princesa. Tem que haver um principezinho pra virar rei quando a rainha morrer, o avô morrer e o pai morrer. Mas deve nascer logo senão fica todo mundo nervoso.
Outra obrigação da princesa é não chorar em público. Nem no próprio casamento. De que adianta um casamento daqueles se ela não pode chorar? Catá chorou tudo no seu casamento com Joca, um casamento coletivo para vinte e oito casais promovido pela paróquia. Ninguém se importou: “chora mesmo, minha filha, que casamento não é todo dia”. E tem outras coisas que a gente precisa chorar: velório, nascimento de filho, Dia das Mães, formatura. Não chorar é quase uma condenação.
Disseram que só se pode comer enquanto a rainha estiver comendo. Isso não seria problema para Catá porque sua sogra nunca para de comer. Achou um desaforo que só a princesa é obrigada a usar aliança; o príncipe pode sair por aí todo solteiro. Princesa também não faz compras nem anda sozinha. De que adianta todo aquele dinheiro, se ela não pode ir ao shopping?
Catá ficou sabendo ainda que não se pode desmanchar casamento na família real. Não impunemente, sem cair em desgraça, perder os títulos e ser excomungada.
Ela ficou encantada com o príncipe, uniforme de gala, piloto de avião. Joca pilota um caminhão e, apesar dos protestos de Catá, é muito desleixado. Sempre que pode, ela compra umas roupas, mas parece que não adianta. Tudo nele fica meio torto. Anda se sacudindo que nem capoeira. Não podia andar retinho, cabeça erguida, como um príncipe? Afastou qualquer classificação de Joca numa escala entre sapo e príncipe.
Catarina não dormiu a noite inteira sonhando com príncipes e castelos. Mas o sol trouxe luz sobre seus pensamentos. Gosta de ser plebeia. Pode chorar na hora que quiser. Pode comer quanto quiser. Pode dar um fora na sogra quando precisar. E não é obrigada a assistir, sem crise de riso, chapéus que lembram a arca de Noé.
E o mais importante: se Joca ficar galinha, gay ou violento, leva um pé na bunda e ela continua princesa.
De qualquer forma, virou pro lado e deu um beijo no Joca.
Comentários
É, Marilza, um pé na realidade outro na realeza. Humanos...
Adorei!
ainda bem que a nossa princesa é Catá.
Carla,
um texto cresce quando você o analisa.