TEMPOS >> Albir José Inácio da Silva
A noção de tempo aconteceu num aniversário. Lembranças anteriores não cuidam disso. Naquela tarde, porém, de pé frente à mesa que lhe ficava na altura dos olhos, viu duas garrafas e um bolo furado no meio. E soube que estava na Terra há cinco anos.
Não que avaliasse o que significavam cinco anos, mas era a primeira medida de tempo de que participava. Teve a certeza de ser especial porque só pessoas especiais tinham festas.
Muitas vezes cinco se passaram e ele tem tido outras festas, contado outros tempos e de vez em quando ainda se sente especial, embora não identifique logo a especialidade. Vai recolhendo uns elogios na esperança de que contenham mais que generosidade. Teve festas que não mereceu e merecimentos não festejados.
Viu muitas contagens chegarem ao fim, pessoas especiais que se interromperam rápido demais. Perdia um pouco a especialidade cada vez que partiam os que o consideravam especial. Teve certeza de perder mais que a pessoa. Perdia-se.
Resulta tudo isso na confusa obrigação de não se fazer tão bom para não causar sofrimento demais aos que ficam. E assim não levar pedaços tão grandes das pessoas quando tiver contado o seu tempo.
Não que avaliasse o que significavam cinco anos, mas era a primeira medida de tempo de que participava. Teve a certeza de ser especial porque só pessoas especiais tinham festas.
Muitas vezes cinco se passaram e ele tem tido outras festas, contado outros tempos e de vez em quando ainda se sente especial, embora não identifique logo a especialidade. Vai recolhendo uns elogios na esperança de que contenham mais que generosidade. Teve festas que não mereceu e merecimentos não festejados.
Viu muitas contagens chegarem ao fim, pessoas especiais que se interromperam rápido demais. Perdia um pouco a especialidade cada vez que partiam os que o consideravam especial. Teve certeza de perder mais que a pessoa. Perdia-se.
Resulta tudo isso na confusa obrigação de não se fazer tão bom para não causar sofrimento demais aos que ficam. E assim não levar pedaços tão grandes das pessoas quando tiver contado o seu tempo.
Comentários
Gosto de ter essa noção do tempo, sem o selo da eternidade, por acreditar que ela nos credencia a ver o mundo sob outro ângulo. Essa passagem pela vida, que não se conta em números, numa linguagem matemática, é a soma do encantamento e do assombro que nos mantém vivos e dispostos a um recomeço, apesar de... Às vezes, algumas pessoas que nos são caras partem encantadas pelo brilho das estrelas e, por incrível que pareça, a ausência desses afetos nos possibilita uma vida melhor... É à força do contraditório a nos desafiar, a testar os nossos limites... É quando crescemos! Passamos a olhar o outro com mais cuidado, amor, carinho, generosidade, tolerância...
Saudades de ler seus textos!
Super beijo.
é sempre um prazer ler seus comentários. Venha sempre.
Debora,
obrigado pela generosidade.
Beijo.
Marilza,
doce é você. Obrigado.
Edu,
isso é porque ando frequentando muito o Pátio.
Obrigado, Fernanda, obrigado!
Thayná
obrigado pela presença. Volte sempre!