BROXEI >> Eduardo Loureiro Jr.
Nunca me aconteceu antes. Eu juro. Não que eu seja assim um sujeito infalível, mas quando se trata daquilo — ou disso — a verdade é essa: eu nunca havia falhado antes. Dava uma, duas... Mais de duas não, porque não vou mentir. De três em diante, só futebol de antigamente e orgasmo de mulher — se a gente acreditar no que elas dizem —, mas umazinha eu sempre garantia. Não precisava de muita coisa pra ficar a postos — se é que vocês me entendem. Tem gente que precisa de um bocado de estimulação, tentando pegar carona no ato alheio. Comigo não. Se está na hora, eu boto o time em campo e mãos à obra. Não que eu faça automaticamente, burocraticamente, feito quem bate ponto ou cumpre meta de desempenho. Nada disso. Faço por prazer, puro prazer. Fazer sem prazer é feito comer bombom com papel, e não estou me referindo a camisinha. É bom se precaver, tomar cuidado com o que vai daqui pra lá e com o que vem de lá pra cá, embora pensar nisso seja um pouco broxante. Será que foi isso: a expectativa, a vontade de agradar, a ansiedade de, talvez, não satisfazer? Nessas horas, é melhor deixar de lado o pensamento e ir com a emoção. Tudo bem, emocionalmente a gente está sujeito a exagerar, pegar pesado, ferir, ofender, mas o outro não é mais o mesmo, hoje reclama mais da escassez do que do excesso. Claro que todo mundo quer flores, mas, se faltar flor, é bom que tenha pelo menos um tapa na cara. Emoção forte parece ser a droga mais automedicada pelos anestesiados em geral — todos querem qualquer coisa que drible a mesmice. Surpresa, então, é fundamental. Se não maravilhar o outro, prepare-se para a insatisfação, para as cobranças: "Por que você não... isso? Por que você não... aquilo? Você deveria... Da próxima vez... Se você não..., então eu... Tá pensando que eu sou o quê? Você não é mais o mesmo de quando lhe conheci." É broxante ouvir — até pensar em ouvir — essas coisas. "Não vem com desculpa..." Tudo bem, tudo bem, sem desculpas, admito, falhei, mas foi a primeira vez, pega leve, sou réu primário. Nunca me aconteceu antes. Eu juro. Fiquei sem inspiração. Só consegui dar essa — crônica — rapidinha.
Comentários
E, pra melhorar, a crônica ainda é do Eduardo. Excelente! Acho que meu domingo não será broxante.
abs,
leo.
você deve ser o sonho de consumo feminino: bom, mesmo sem inspiração; e eficiente, mesmo rapidinho.
Adorei!
Então foi a rapidinha da rapidinha, Léo. :)
Sei não, Albir, já é o terceiro comentário de homem e nenhum de mulher até agora. Acho que queimei meu filme. :)
Fernanda, imagine a auto-estima de quem broxa. :) Que bom que gostou.
E essa sua rapidinha foi bem boa, viu? Satisfez!
Mas, Edu, que marketing pessoal, amigo. Uau!!! Isso é maldade... :)
Flores, argumentos, tapas na cara(nem que seja)
Abç
Oriane
Abraço,
Fernando
http://cotidianoempilulas.blogspot.com/