EU SOU ASSIM >> Eduardo Loureiro Jr.
Presentemente, eu sou assim. Até sou também o que já fui um dia, mas ainda não sou o que um dia serei. Não conto com o ovo no cu da galinha. Eu sou assim.
Eu sou assim. A alegria de acordar com o sol e a tristeza de ser despertado. A insônia criativa que acende a madrugada e o dormir cedo, antes das dez.
Eu sou assim. A preguiça da rede sempre armada e o pé no sopé da montanha, pronto para a escalada.
Eu sou assim. O melhor lugar é a casa, sem nem vontade de ir na esquina, e a passagem comprada para dar a volta ao mundo e conhecer suas sete maravilhas.
Eu sou assim. O silêncio pelo silêncio, sem vazios nem meditação, e a comunicação instantânea: os e-mails que às vezes não voltam, mas que sempre vão. O autismo mudismo e a verborragia escorregadia.
Eu sou assim. O homem só. Um homem só, bendito entre as mulheres. E o misógino que mais as odeia quanto mais as entende.
Eu sou assim. O romântico incorrigível e o sangue frio. Romeu Tuma e Romeu Montéquio.
Eu sou assim. Só penso naquilo e, quando estou naquilo, não penso.
Eu sou assim. O eremita isolado no topo do mundo e apenas mais um na multidão. O pretérito poético do passado e o futuro científico da ficção. Os grupos e grupos de amigos e meu único e velho umbigo.
Eu sou assim. O pai do filho que nunca tive e o nunca filho do pai que me teve.
Eu sou assim. O labirinto intrincado e o sempre aberto pátio. A garra da águia e o canto do pássaro.
Eu sou assim. O Judas que ajuda e o Pedro que pedra. O contentamento com as minúcias e o desagrado com os noventa e oito por cento.
Eu sou assim. O menino traquinas e o velho gagá. O professor que sempre aprende e a criança que dá aula.
Eu sou assim. A palavra que emenda e a palavra que corta. A palavra que arranha e a palavra que alisa. O cuspe na cara e o beijo na boca. A barba por fazer e a cara de bebê. O cabelo comprido e o cabelo raspado. A careca de herança e as sobrancelhas fartas.
Eu sou assim. O computador e a analogia. A crônica aguda e o lápis desapontado.
Eu sou assim. A fusão com o outro até o meu próprio esquecimento e eu mesmo virado do avesso. As asas do anjo e os dentes do vampiro. Renascido no inferno e padecido no céu.
Eu sou assim. O cão e o gato. O que assusta e o bonito.
Eu sou assim. A cabeça nas nuvens e o detalhe da programação. O estudo do plano e a liberdade do improviso.
Eu sou assim. O isso e o aquilo.
Eu sou assim. A poesia na hora da prosa, a prosa manchando a poesia. A pele e o osso. A flor da pele e o espinho do osso. A declaração de amor e o "vai catar coquinho".
Eu sou assim. Pão-duro e pau mole. Miolo mole e cabeça dura.
Eu sou assim. A tese e a antítese sem síntese. Dou-lhe uma, dou-lhe duas... três é demais. A polêmica esganiçada e o tanto faz. O carrasco de quem não merece e o salvador de quem não precisa. O parteiro e o suicida.
Eu sou assim. O homem mais fiel que existe e a atração irresistível pela mulher que passa. O amor à primeira vista e a paixão que só chega dez anos depois. O olhar do tarado e os olhos de moça.
Eu sou assim. O livro infantil e o vídeo pornográfico.
Eu sou assim. Vapores expansivos de Júpiter, anéis restritivos de Saturno. Aos turnos, aos turnos. Eu sou o Sol, o Sol, o Sol, o Sol, novo, crescente, cheio, minguante. E sempre a mesma Lua.
Eu sou assim. O chão sempre limpo para os pés e a meleca secando na fricção dos dedos.
Eu sou assim. A-sim. O sim e sua negação. O não do sim, o sim do não.
Eu sou assim. E não assado. Presentemente, eu sou assim.
Eu sou assim. A alegria de acordar com o sol e a tristeza de ser despertado. A insônia criativa que acende a madrugada e o dormir cedo, antes das dez.
Eu sou assim. A preguiça da rede sempre armada e o pé no sopé da montanha, pronto para a escalada.
Eu sou assim. O melhor lugar é a casa, sem nem vontade de ir na esquina, e a passagem comprada para dar a volta ao mundo e conhecer suas sete maravilhas.
Eu sou assim. O silêncio pelo silêncio, sem vazios nem meditação, e a comunicação instantânea: os e-mails que às vezes não voltam, mas que sempre vão. O autismo mudismo e a verborragia escorregadia.
Eu sou assim. O homem só. Um homem só, bendito entre as mulheres. E o misógino que mais as odeia quanto mais as entende.
Eu sou assim. O romântico incorrigível e o sangue frio. Romeu Tuma e Romeu Montéquio.
Eu sou assim. Só penso naquilo e, quando estou naquilo, não penso.
Eu sou assim. O eremita isolado no topo do mundo e apenas mais um na multidão. O pretérito poético do passado e o futuro científico da ficção. Os grupos e grupos de amigos e meu único e velho umbigo.
Eu sou assim. O pai do filho que nunca tive e o nunca filho do pai que me teve.
Eu sou assim. O labirinto intrincado e o sempre aberto pátio. A garra da águia e o canto do pássaro.
Eu sou assim. O Judas que ajuda e o Pedro que pedra. O contentamento com as minúcias e o desagrado com os noventa e oito por cento.
Eu sou assim. O menino traquinas e o velho gagá. O professor que sempre aprende e a criança que dá aula.
Eu sou assim. A palavra que emenda e a palavra que corta. A palavra que arranha e a palavra que alisa. O cuspe na cara e o beijo na boca. A barba por fazer e a cara de bebê. O cabelo comprido e o cabelo raspado. A careca de herança e as sobrancelhas fartas.
Eu sou assim. O computador e a analogia. A crônica aguda e o lápis desapontado.
Eu sou assim. A fusão com o outro até o meu próprio esquecimento e eu mesmo virado do avesso. As asas do anjo e os dentes do vampiro. Renascido no inferno e padecido no céu.
Eu sou assim. O cão e o gato. O que assusta e o bonito.
Eu sou assim. A cabeça nas nuvens e o detalhe da programação. O estudo do plano e a liberdade do improviso.
Eu sou assim. O isso e o aquilo.
Eu sou assim. A poesia na hora da prosa, a prosa manchando a poesia. A pele e o osso. A flor da pele e o espinho do osso. A declaração de amor e o "vai catar coquinho".
Eu sou assim. Pão-duro e pau mole. Miolo mole e cabeça dura.
Eu sou assim. A tese e a antítese sem síntese. Dou-lhe uma, dou-lhe duas... três é demais. A polêmica esganiçada e o tanto faz. O carrasco de quem não merece e o salvador de quem não precisa. O parteiro e o suicida.
Eu sou assim. O homem mais fiel que existe e a atração irresistível pela mulher que passa. O amor à primeira vista e a paixão que só chega dez anos depois. O olhar do tarado e os olhos de moça.
Eu sou assim. O livro infantil e o vídeo pornográfico.
Eu sou assim. Vapores expansivos de Júpiter, anéis restritivos de Saturno. Aos turnos, aos turnos. Eu sou o Sol, o Sol, o Sol, o Sol, novo, crescente, cheio, minguante. E sempre a mesma Lua.
Eu sou assim. O chão sempre limpo para os pés e a meleca secando na fricção dos dedos.
Eu sou assim. A-sim. O sim e sua negação. O não do sim, o sim do não.
Eu sou assim. E não assado. Presentemente, eu sou assim.
Comentários
Li certa vez o comentário de uma escritora onde ela dizia que, uma vez escrito o texto ele não mais lhe pertencia e que cada um lia, nas entrelinhas, aquilo que mais lhe convinha. De posse desse raciocínio eu ouso dizer que:nessa frase "O professor que sempre aprende e a criança que dá aula", está contida toda a essência do seu texto. Perdoe-me a ousadia!
Você é assim e isso é um "tanto" tão necessário para quem te lê, te conhece e te reconhece na profundidade de tudo que você oferece por presentemente existir.
Obrigada por isso!
Eu que agradeço o acolhimento desse "assim", Marisa. ;)
Ricazinha da Alba! :)
Grato pela visita, Ademar. Volte sempre que quiser.
beijo grande!