DE JOVENS E VELHOS [Monica Bonfim]
Pois esta semana eu li que “envelhecer é o único meio de não morrer jovem”. Mas acontece que, na outra aba, vi duas mensagens de amigos para mim: a primeira de um homem, mais velho que eu, me chamando de “menina” e a segunda da filha de uma amiga me chamando de “Moniquinha”. Considerando que eu estou beirando os 50 (faço 49 em um mês), fiquei a pensar se concordo com a frase inicial.
Modéstia à parte, não sei se graças à genética ou ao fato de que me resolvi muito bem, minha aparência — isso dito por um gato de 25 anos — não ultrapassa os 35, e atente-se para que não gosto de maquiagem, tenho uma imensa preguiça de usar cremes, e minha plástica foi na barriga.
A idade me deu mais respeito por mim mesma, me deu o exercício de impor limites a mim e aos outros, e esse círculo de proteção talvez tenha se tornado o ingrediente de longevidade: respeito por mim e pelos outros faz com que eu durma muito bem, obrigada. Amo meus amigos e minha família, mas minha casa é realmente meu castelo: eu vivo muito bem dentro da minha própria pele, minha companhia me é ótima.
Não tenho a menor vergonha de ser menina, mas não me faço de infantil — curto mesmo minhas responsabilidades. Sorrio mais e franzo a testa para pensar, jogo charme para aplainar os caminhos, elogio porque é bom ver coisas bonitas nos outros, mas “chega” é “chega” mesmo.
O espírito da coisa é resolver, e o que não pode ser resolvido por mim é entregue à Divindade para que o faça. Talvez seja exatamente esse encontro com minhas impossibilidades que tenha me mantido assim: um dia serei tão sábia que conseguirei resolver tudo, mas agora não sou. Portanto, tudo o que ultrapassa o meu “tamanho” é entregue para alguém “maior” do que eu. E entregue de verdade, com vontade.
Ser jovem por dentro é ser humilde. Nossa juventude morre a cada dia se deixarmos, se não cuidarmos, se não injetarmos alegria em nosso dia-a-dia, se de vez em quando não a ressuscitarmos com um choque direto no coração para que ele volte a pulsar.
Comentários
Excelente colocação! Concordo em gênero, número e grau. Parabéns!
E esse lance de envelhecer é engraçado. Eu concordo com a frase da Léa: só fica jovem quem morre cedo.
Me sinto muito bem no meu momento atual. E não tenho crises e nem delírios. Acho que estou bem, feliz e centrada. Isso é o que importa. Alegria de viver!!!
mil beijos!!! e saudades!!!
E concordo com o que ambas moças queridas disseram e também eu me sinto bem na minha atual pele. Acho que é o que vale: estar feliz, bem e centrada. O resto é crise desnecessária. :)
Beijo, bonitas.
Obrigada a todas...
Seu texto transmite paz - esta que você transpira pelos poros e pelas palavras.
Gosto de outro ditado que diz que é preciso sabedoria para saber envelhecer. Envelhe-SER! Você demonstra ter esta sabedoria. Quero aprender de ti!
Um abração!
Beijo grande!