TEMAS OU NÃO TEMAS >>> Albir José Inácio da Silva
Pensei em escrever sobre mim, falando maravilhas e explicando coisas que não são tão boas. Ou escrever sobre os outros, exaltando as qualidades de quem gosto e aproveitando para execrar os desafetos.
Talvez escrever minhas dores atraísse solidariedade, mas que haveria de interessante no meu choro? Os amigos seriam um bom tema, mas há risco de não lhes fazer justiça, exaltando banalidades e deixando de perceber seus verdadeiros encantos.
Poderia falar do meu carro, coitado, tão maltratado e ainda valente, me aturando sem reclamar. Não tenho cachorro, mas poderia inventar um amiguinho fiel que me ajudasse a preencher a página.
Poderia falar da natureza, que a natureza é unanimidade, se qualquer um não pudesse senti-la melhor do que eu posso dizê-la. Poderia louvar as mulheres com argumentos de conquistador, mas sei que seria ridículo e nada original.
Outra possibilidade seria falar do trabalho, onde meu personagem transita com alguma desenvoltura e chega a convencer os outros, mesmo sem me convencer, mas sinto que isso é tedioso até para os convencidos.
Posso elogiar os filhos, na esperança de que eles assumam as qualidades sugeridas, mas sem esperança de que isso possa interessar a mais alguém.
Posso contar umas verdades doloridas à guisa de catarse, e quem sabe economizar no divã, mas quem suportaria?
Poderia bajular leitores na esperança de que me ajudem com algum comentário encorajador, mas se banir todos os escrúpulos nem eu mesmo vou me suportar. Não que ache importante escritor ter escrúpulos, mas, a exemplo da mulher de Cézar, ele tem de parecer honesto.
Como vêem, não falta tema. Qualquer coisa pode ser assunto. Também não faltam palavras, que são milhares, mas mesmo que fossem sete, como as notas, seriam infinitas as combinações. Se não falta tema nem palavras nem papel, fico pensando que talvez falte cronista.
Talvez eu seja melhor cantando. Ou quem sabe concordaremos, crítica, público e eu, que o silêncio é o melhor da minha arte.
Enquanto não tiver certeza, voltarei, se achar alguma coisa a dizer.
Talvez escrever minhas dores atraísse solidariedade, mas que haveria de interessante no meu choro? Os amigos seriam um bom tema, mas há risco de não lhes fazer justiça, exaltando banalidades e deixando de perceber seus verdadeiros encantos.
Poderia falar do meu carro, coitado, tão maltratado e ainda valente, me aturando sem reclamar. Não tenho cachorro, mas poderia inventar um amiguinho fiel que me ajudasse a preencher a página.
Poderia falar da natureza, que a natureza é unanimidade, se qualquer um não pudesse senti-la melhor do que eu posso dizê-la. Poderia louvar as mulheres com argumentos de conquistador, mas sei que seria ridículo e nada original.
Outra possibilidade seria falar do trabalho, onde meu personagem transita com alguma desenvoltura e chega a convencer os outros, mesmo sem me convencer, mas sinto que isso é tedioso até para os convencidos.
Posso elogiar os filhos, na esperança de que eles assumam as qualidades sugeridas, mas sem esperança de que isso possa interessar a mais alguém.
Posso contar umas verdades doloridas à guisa de catarse, e quem sabe economizar no divã, mas quem suportaria?
Poderia bajular leitores na esperança de que me ajudem com algum comentário encorajador, mas se banir todos os escrúpulos nem eu mesmo vou me suportar. Não que ache importante escritor ter escrúpulos, mas, a exemplo da mulher de Cézar, ele tem de parecer honesto.
Como vêem, não falta tema. Qualquer coisa pode ser assunto. Também não faltam palavras, que são milhares, mas mesmo que fossem sete, como as notas, seriam infinitas as combinações. Se não falta tema nem palavras nem papel, fico pensando que talvez falte cronista.
Talvez eu seja melhor cantando. Ou quem sabe concordaremos, crítica, público e eu, que o silêncio é o melhor da minha arte.
Enquanto não tiver certeza, voltarei, se achar alguma coisa a dizer.
Comentários
"O silêncio não é o mehor da sua arte".
Prefiro você escrevendo numa linguagem simples, direta e gostosa de se ler. A vida é simples assim... Excelente!
Bom assanhamento o das suas palavras.
Sempre poeta. A gente precisa de poesia pro dia-a-dia.
Beijoca,