VIDA LONGA A QUEM PODE REFLETIR << SORAYA JORDÃO

 

Lendo curiosidades na internet, descobri que dentre tantas maravilhas construídas pelo homem, apenas uma pode ser vista, a olho nu, além da atmosfera terrestre. Se você, assim como eu, imaginou astronautas observando do espaço a Grande Muralha da China ou as Pirâmides do Egito, enganou-se.

Toda a grandiosidade, engenho e valor histórico desses monumentos não foram suficientes para garantir seu lugar aos olhos do espaço sideral. Segundo a NASA, a única estrutura que se destaca, e pode ser observada por astronautas em órbita, está localizada no sul da Espanha, na província de Almería. Trata-se de estufas agrícolas cobertas por uma camada de plástico branco que reflete a luz do sol intensamente. Visto de cima, esse “mar de plástico” mais parece um quebra-cabeça gigante e reluzente. 

Não tenho como seguir ilesa diante dessa revelação: tudo aquilo que julgamos esplendoroso, magnífico, superior a qualquer outro feito humano, desaparece, torna-se inexistente se comparado a uma despretensiosa e feia manta de plástico. A beldade branca marca presença de forma singular e inequívoca não por ostentar uma estética perfeita, mas por ser capaz de refletir a luz que vem do sol. 

Essa história me fez lembrar de todas as pessoas que sofrem absurdamente em função da preocupação com a imagem: barriga chapada, cintura fina, cabelo sem frizz, nariz afilado. Submetem-se a todo tipo de procedimento estético sem avaliar os riscos. Enaltecem a embalagem e desconsideram o perfume. 

Muitos sofrem por não se sentirem à altura dos padrões de beleza. No entanto, parece que poucos realmente se preocupam em ser uma companhia interessante, inteligente, carismática. Pelo visto, tem muita gente preocupada em ser muralha ou pirâmide sem saber que o que de fato brilha aos olhos do observador é a capacidade intrínseca de refletir a luz. 

Quanto a mim, defendo que a feiura é o primeiro desafio do amor. Quem quiser encontrá-lo em sua essência precisa ouvir o canto da sereia ainda que não veja sua cauda. 

Feliz de ser manta!