PRESSA >> JANDER MINESSO

Estava subindo a Carlos Sampaio, sentido Paulista, quando um motociclista passou voando na direção contrária. Na garupa, levava três galões d‘água de vinte litros, daqueles azuis. O visor do capacete estava aberto. Ele cruzou comigo feito uma flecha, atravessou o semáforo da Treze de Maio no vermelho e foi pouco educado com o motorista do ônibus que buzinou em protesto à transgressão.

Meio quarteirão adiante, uma senhorinha de cabelos bem penteados descansava à mesa de uma pastelaria. Ela segurava uma guia de cachorro com fivelas douradas. Na outra ponta, um imperturbável bichon frisé. A dupla observava, piscando numa sincronia preguiçosa enquanto o funcionário da pastelaria terminava de levantar a porta corrediça. Assim que ele finalizou o serviço, a senhora falou:

– Um de queijo, por favor.

– A gente ainda nem ligou o tacho, dona.

– Tudo bem. Não tô com pressa.

Eu estava, então segui meu rumo.

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Imagem: arquivo pessoal

Comentários

Nadia Coldebella disse…
Cá entre nós, Jander, vc não sente um pouquinho de inveja de quem pode se dar ao luxo de diminuir o ritmo e até esperar? Essa velhinha aí tá ostentando...

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