RITA >> Ana Raja


desfaço a trança
os fios longos
dos cabelos em claustro

afivelo a mala
arrasto para o pátio
iluminado de imagens futuras

do hálito embriagante
em cacos não mais pisarei

dos choros, das fraldas alvas
lampejos errados de mim

santa, santa, santa [não sou]

velas apagadas
promessas não cumpridas

renuncio o lugar
honrado de mulher de deus

mulher de mim
de todos
de ninguém

mãe, sequei

santa, santa, santa

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As dores delas, primeiro livro de Ana Raja, está a venda no www.editoraurutau.com.

anaraja.com.br

Comentários

Nadia Coldebella disse…
Não sei nem dizer o qto gostei desse poema. Adorei os "cabelos em claustro", amei o enfrentamento para a liberdade. Ressoou muito comigo. Uma leitura muito bacana para o dia das mães.
Soll Toledo disse…
Que coisa linda! Sdds de ler um poema seu! Perfeito!
Jander Minesso disse…
Tô com a Nadja: esse simbolismo de soltar os cabelos foi lindo, lindo. Na real, bonito é o poema todo, carregado de uma mistura de receio e coragem de quem sofreu demais.
Anônimo disse…
Amigaa, que lindeza! Uma imagem mais tocante que a outra. Quantas mulheres em claustro dentro de cada mulher…

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