ECLOSÃO >> Whisner Fraga

a menina embala o pingo verde.

uma suculenta não se infiltra pela terra.

não maquina raizes, não quer o chão.

(texto também é fruto, é galho, é tronco, é gênese)

também é pedra.

vistoriamos as plantas.

um sopro arrebenta a semente.

cotilédone, repito. cotilédone.

a menina gargalha a incompreensão.

logo serão árvores. cinco, dez, quinze anos.

a menina tem pressa. quer jabuticabas. quer lichias.

amoras.

que o tempo aprenda o tempo.

a menina suspira o infortúnio nas mãos.

uma semente devora o fim.

a menina suspira e desce para brincar.


Comentários

Carla Dias disse…
A cada vez que leio um texto seu, com a menina de personagem,consigo me transportar pelos gestos e ações dela. É quase como se pudesse vesti-la, assistir à vida pelos olhos dela. Lindeza, Whisner.
Zoraya Cesar disse…
"uma semente devora o fim", Whisner, a gente pode passar uma vida inteira decifrando a infinitude e a profundidade dessa sua frase. Estou apaixonada pelos seus textos-menina.
Albir disse…
Já fico me perguntando:o que será que a menina vai viver desta vez?

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