PARA QUE SERVEM OS SONHOS? >> Clara Braga

Deitei e dormi.

Dormi daquele jeito quase instantâneo, que mal dá tempo de pensar no dia que passou. Porém, uma coisa foi diferente: nesse dia eu sonhei! Não um sonho qualquer, mas um sonho que parecia ser longo e, o melhor, consegui lembrar de boas partes dele quando acordei, o que não é comum para mim.

Ainda mais interessante do que o fato de eu ter lembrado de várias partes de um sonho, é o fato de que algo importante aconteceu durante o sonho: em um certo momento eu sentei e escrevi um texto. Mas também não foi um texto qualquer, foi um daqueles textos que quando a gente termina de escrever surge um espontâneo sorriso no canto da nossa boca, pois a gente sabe que quando conseguimos compartilhar o que há de mais sincero em nós, vamos atingir o que há de mais sincero no leitor.

Fiquei muito feliz, pois eu lembrava de cada vírgula do texto. Com certeza entregaria ao leitor um texto que há muito não consigo entregar. Foi então que cometi o mais grave de todos os erros: confiei que lembraria do texto inteiro quando chegasse a hora de compartilhá-lo. Não escrevi um rascunho, não fiz um tópico das ideias principais, não contei para ninguém sobre o sonho, não gravei um áudio da minha ideia, enfim, não fiz um registro se quer desse momento.

Agora, chegada a hora de compartilhar meus mais sinceros sentimentos, tudo que tenho para dizer é que não me recordo deles. Me lembro das sensações, mas não das palavras. Me lembro da cena, do ato de escrever, mas agora a folha está em branco. Confesso que fiquei frustrada, não me parece normal esquecer algo tão marcante. Mas também devo admitir, querer ser produtiva até enquanto dorme pode ter sido um exagero da minha parte, talvez seja melhor usar os sonhos apenas para sonhar.

Comentários

Zoraya Cesar disse…
Sonhar que escreve é tudo de bom, Clara! E, sonhados ou não, seus textos são sempre leves e macios. Travesseiros de plumas.

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