BELAS HISTÓRIAS, FALHAS MEMÓRIAS >> Clara Braga

Formei na faculdade no ano de 2012, ou seja, tem um tempinho.

Lá no meio do curso tive uma professora daquelas que marcam a gente! Ela sempre tinha uma referência para dar, um livro para indicar, uma ajuda para oferecer! Me encantei pela forma como ela ministrava as aulas e me encantei inclusive pela sua ementa, pois ela não indicava só livros técnicos da área de artes, mas também livros de literatura pois a literatura ensina tanto quanto ou até mais que um livro técnico!

Suas aulas aconteciam duas vezes por semana, mas um dia ela avisou que não poderia estar presente em um dos dias, então deixaria um filme para que a gente assistisse, pois filmes podem ensinar tanto quanto ou até mais que um livro de literatura ou um livro técnico.

Eu adorava aulas com filmes, e essa então foi especial! Ela passou um filme super poético, belíssimo, daqueles que merecem ser assistidos várias e várias vezes! Mas eu cometi um erro que, vergonhosamente, cometo até hoje: não anotei o nome do filme confiando que minha memória jamais falharia com algo que eu tinha gostado tanto! Resultado: perdi contato com a professora e nunca pude rever o filme pois não lembrava nome, diretor nem outra informação que me levasse ao longa metragem!

Essa semana encontrei essa professora e, pasmem, fiquei com vergonha de falar com ela! Olhei várias vezes, pensei se deveria ou não, lembrei do quão maravilhosas eram suas aulas, quis falar, mas não queria incomodar!

Depois de um tempo não me aguentei, respirei fundo, me aproximei e perguntei se podia pedir um favor! Ela disse que sim no mesmo momento e eu expliquei a história! Ela sabia de que filme eu estava falando, mas também não lembrava o nome, mas disse que se lembrasse me falaria. 

Agradeci, me afastei e continuei fazendo as coisas que estava fazendo antes, mas de longe observei que ela estava mexendo no celular! Será que estava procurando o nome do filme?

O tempo passou, ela parou de mexer no celular e eu imaginei que ela não havia encontrado o nome,  mas tudo bem, já havia se passado sete anos, seria difícil mesmo recuperar essa informação.

Quando ela estava indo embora, se despediu das pessoas próximas e, pouco antes de sair pela porta, virou para mim e disse: Clara, o nome do filme é O Baile!

Comentários

Anônimo disse…
Bela crônica! Você como sempre arrasando na descrição. Parabéns! Beijo
Sandra Modesto disse…
Das histórias que trazemos na memória. Uma professora dos tempos da faculdade é muito importante mesmo. O reencontro narrado no texto é de um visual poético lindo. O Baile é um filme sensacional! Parabéns pela história.

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