ONDE BROTA A CONFIANÇA >> Mariana Scherma

_ Mas e se ele me achar uma loser?
_ Por quê?
_ Porque eu sou...
_ Ah, não é. Você é linda, engraçada, com emprego bom... Tá longe de ser loser
_ Ah, obrigada. Mas você é minha amiga, né?

Essa conversa é real e acontece sempre entre mim e minha amiga. Minha amiga é uma pessoa incrível, cheia de potencial, mas que não passou na fila do amor-próprio. Na verdade, ela passou longe dessa fila e tem o péssimo hábito de se colocar pra baixo. Confesso que fui achar meu pote de autoestima (que nem é dos maiores) na vida adulta apenas, mas isso fez toda a diferença.

Na adolescência, eu queria muito ser aquelas meninas lindas e cheias de admiradores. Era tímida, lotada de espinha, zerada nas curvas, de óculos, com cabelo arrepiado e aparelho nos dentes. Adorava passar despercebida, me rebaixava sempre e me enfiava nos livros, adorava ficar em casa e coisa e tal. Ainda bem que naquela época não havia Snapchat, Instagram e cia. porque eu lidava mal com a minha imagem. Bem mal.

Não sei quando o barco virou. Na faculdade, eu me reinventei um pouco e virei uma menina que adorava sair, popular e com amigas populares. Domei meus cachos com o creme certo, tirei o aparelho, perdi as espinhas e boa parte da insegurança. Pós-faculdade, eu já não sou mais popular, mas ganhei em segurança. Obrigada, universo. Adoro meu corpo porque é ele que me sustenta. Amo meu cabelo porque ele emoldura meu rosto e equilibra minha boca grande, que eu também adoro.


Veja só, não sou perfeita. Mas sou o mais perfeita que consigo ser e isso me basta. Minha confiança redobra sempre que tenho uma tirada engraçada, quando leio algo que mexe com minhas estruturas e me faz questionar o que penso e, oras bolas, quando passo rímel e batom vermelho. Se não valorizam minhas ideias, sinto a pontada, mas não sangro por isso. Faz tempo que luto para a falta de valorização não me afetar, não me fazer retornar à adolescente tímida e cheia de espinhas. 


Preciso garantir que minha amiga encontre seu caminho pra confiança. Confiança é a melhor coisa. Só com confiança a gente pode ligar o botão do fuck yourself pra muita gente. É com esse atributo que damos conta de sair à rua toda mal-arrumada e muito cheia de si. É com confiança que a gente se gosta e espalha nossa energia para o mundo. O universo sente e retribui. Um problema sério a tal da confiança não ser vendida e, sim, cultivada com uma semente que brota em nós mesmos. Receita pra isso não existe, mas uma coisa é bem certa: o que faz essa semente brotar deve ser só entre nós mesmos, mais ninguém.

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