O TEMPO É UM RIO >> Sergio Geia
— O tempo é um rio que corre... Curiosa, o chá ainda quente sobre a mesa, ela se levanta. Na pequena estante tomada por livros e fotografias, por rios que já correram, ela apanha o livro. Examina-o com cuidado: — Não me lembro desse. Retorna à mesa para terminar o chá, trazendo nas mãos aquilo que julga ser uma preciosidade, pois conhece a autora. Dá uma pausa na aula que prepara para a faculdade, põe-se a folheá-lo. — Que interessante... Aos 51, ela pensa, o tempo parece ser mesmo um rio que corre, e rápido. Lá atrás, talvez estivesse mais para um lago, de águas claras e calmas. Se bem que mesmo que fosse um rio, não havia motivos para preocupação; a intensidade da vida não permitia. Mas agora... — Olha o que eu trouxe. Ela se volta para o marido que acessou a sala trazendo barulho e um perfume novo. — Comprei no mercado. Estavam muito bonitos; não resisti. Vermelhinhos, os cajus brilhavam como ouro. — Você não quer? Eu vou chupar. — Depois. Preciso terminar a aula. A pro
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