O BEM E O MAL [Debora Bottcher]

A imensa troca de percepções que se faz nesse espaço surpreende e faz pensar. É como o abrir-se do olho do furacão: uma roda-viva de considerações - todas pertinentes, ainda que sob prismas diversos. Então, talvez seja interessante polemizar um pouco sobre a expiação dos erros - se é que isso existe.

Há algum tempo, li do escritor judeu Harold S. Kushner o livro "Quando coisas ruins acontecem a pessoas boas". Muito polêmico, o autor questiona o onipotência, onisciência e onipresença de Deus: ele acredita no acaso irrestrito dos acontecimentos.

Isso nos remete à idéia de que nada tem alvo definido, tudo é obra da coincidência; não há destino nem predisposições, muito menos sorte ou azar. Para ele, a teoria de que os maus pagam por seus erros, não existe: estamos todos à mercê das tragédias, em completa igualdade.

No preâmbulo, tem um texto de Henry Sobbel que sintetiza a idéia:

"Existe uma aleatoriedade no Universo e a natureza é moralmente cega. Desta forma, não é Deus que causa a tragédia, a doença, o sofrimento. Um terromoto ou uma bomba não distinguem entre pessoas boas e ruins. Nem o câncer. Nem o derrame cerebral. Não são atos de Deus: são atos da natureza."

Cada um de nós tem seus próprios conceitos - normalmente superarraigados - sobre o bem e o mal. Também tenho os meus e eles sempre deram conta de uma justiça infalível: a Lei do Retorno, soberana. Não posso crer que ela não exista: fica sem sentido, pra mim, um mundo sem uma justiça maior - e nem falo de Deus exatamente (porque cada um O concebe à sua maneira) -, mas da vida. Tem que haver um mecanismo universal que, de alguma forma, pune a maldade e enaltece a bondade (de algum jeito, qualquer jeito).

Entendo que fazer o bem beneficia a nós mesmos, mas seria terrível saber que quem faz o mal pode vir a ser premiado com a randomicidade e nunca receber de volta o que semeou.

Li o livro por curiosidade. Talvez faça sentido, mas a mim não convenceu. De toda forma, podem ser hipóteses a considerar...

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Comentários

Monica disse…
Interessante reflexão, Debora.
Gostei também do final: .... De toda forma, podem ser hipóteses a considerar...
Abs,
Monica
albir disse…
Acho, Debora, que, como você, adoraria que houvesse uma justiça infalível. Também me ressinto desse desamparo. Já que no mesmo barco, sejamos pelo menos solidários. E é o que sinto quando leio você. Abraço.
Há males que vêm para o bem. :)
Albir, querido, que bom ter o seu amparo... :)
E valha-me Eduardo! Tu estás sempre a ver o lado bom dos eventos... :))
E Monica, obrigada por partilhar da reflexão... A gente sabe tão pouco sobre tudo, não é mesmo?
Beijo em todos.

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