GERMINAÇÃO >> Whisner Fraga
Há uma perplexidade confinada.
Um alívio, um véu de audácia, espreita a melancolia difusa.
Em ebulição.
O que você está fazendo?
Vem ver o que faço!
Apanho a mão de sete anos, que cobra o passeio.
No pomar, uma nova muda de murici se espreguiça na sombra.
Uma manta de folhas se irradia sob nossos pés.
Uma brisa inestancável se apodera dos galhos.
A menina vê um broto e reconhece o desmazelo da vida.
A menina se agacha e acaricia a folha moribunda.
A menina quer um carinho que dome a repugnância do tempo.
As oliveiras deserdam a estranha revolta dos frutos.
[Não querem florescer,
Não querem compromisso com ciclos,
Não querem o atrevimento da coerência e da lógica.]
A menina revira a áspera ausência da terra.
A menina se tinge com o magma da identidade.
A menina reconhece a paciência se insurgindo contra a brutalidade.
A vingança coberta por uma camurça de bruxarias,
Uma tarde a entrançar tempestades.
Primeiro foi o rasgo,
Depois o calcário,
O adubo,
A planta se encaixa,
A planta se espalha furtivamente pela rendição.
A menina me abraça com a fúria da ignorância.
O que você está fazendo?
O que você está fazendo?
O que está fazendo?
Estou com você.
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