PLANEJANDO O QUE NÃO SE PODE PLANEJAR >> Clara Braga

Na vida, é normal planejarmos determinadas coisas. Uma viagem, por exemplo, normalmente é planejada de acordo com os dias que temos de férias, já o destino é definido pelo nosso poder aquisitivo. Mas já repararam que quando viajamos ninguém pergunta: a viagem foi planejada?

Também podemos planejar um jantar romântico: escolhemos uma data especial, um restaurante que tenha comida que agrade o casal, podemos até fazer uma surpresa comprando flores ou algo do tipo. Mas acho quase impossível você estar no meio do jantar e ser interrompido pelo seu parceiro: esse jantar foi planejado?

Tem também aqueles trabalhos que exigem bastante planejamento, como o meu. Não posso entrar em sala de aula sem saber o que devo ensinar, planejo a matéria que vou passar de acordo com o tempo que tenho com cada turma. Tenho ainda que planejar os dias para preencher diário, elaborar provas, corrigir trabalhos e outras tarefas que a vida de professor exige e tudo antes de cada bimestre acabar. Mas nunca um aluno me perguntou se aquela aula foi planejada.

E não é preciso ir longe, planejamento faz parte do nosso dia a dia. Temos que nos organizar para saber que horas vamos sair de casa para não pegar aquele engarrafamento, quanto tempo vamos ficar fora para saber se temos que levar marmita, observar se o carro tem gasolina suficiente para chegar no nosso destino, enfim, planejamentos rotineiros. Mas duvido que algum frentista já tenha te perguntado se aquela passada no posto foi planejada!

Enfim, com gravidez deveria ser a mesma coisa. Você fala que está grávida e pronto, quem ficou feliz comemora, quem ficou triste reclama e vida que segue. Mas não, as pessoas tem mania de perguntar se a gravidez foi planejada.

Se planejar as outras tarefas já é difícil por termos sempre que lidar com o tal do imprevisto, imagine uma gestação! Entendo que algumas variáveis são bem controláveis, mas não, planejar um filho não é simples e não consigo imaginar exatamente como se faz isso.

Sei que muito dirão que não, filho se planeja sim e ponto final. Não vou entrar nesse mérito, mas uma coisa é preciso esclarecer com urgência: não planejado não é igual a indesejado, muito pelo contrário, curiosamente passo mais tempo planejando coisas que não gostaria de fazer do que coisas que gostaria!

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