A RUA DO AMOR >> Eduardo Loureiro Jr.
A Rua do Amor — quem saberia? — começa à praia, num porto de jangadas, que maravilha. Mas tem uma rampinha de lixo, mal acaba a areia, que porcaria. Depois tem subida íngreme, esculpida pela água que escorre na ladeira, o barro é enrugado, o calçamento é desordeiro. A vista é bonita, mas o terreno é baldio.
A Rua do Amor — quem preveria? — tem galpão à venda, de muros tão altos e sem pintura que não se sabe o que se vai por dentro. O que se vê um quarteirão à frente faz até supor que a rua é sem saída. Já não se olha para trás, para o verde, para o mar, tudo que se vê é um encurtamento da perspectiva.
A Rua do Amor — quem andaria? — como qualquer rua, tem esquina, e dá vontade de dobrar à direita ou à esquerda só pra não ter que seguir em frente. Já no terceiro quarteirão, fica estreita, e é guardada por um cão tão sentado, tão triste e tão despelado, que dá pena, muita pena, pena até de si mesmo.
A Rua do Amor — quem cheiraria? — tem um caminhante fixo, um fluxo de água intermitente, que vem com restos de peixe, óleo, mijo e caquinhas. Não se caminha em linha reta, desvia-se de poças, de galos, de gente, de bons-dias.
A Rua do Amor — quem lutaria? —, tem som alto com música de extremas rimas, chão que não bate sol e bagulho adolescente na mais estreita esquina,
A Rua do Amor — quem amaria? — tem uma prosa tão íngreme, tão alta, tão estreita e tão torta, que até parece que é poesia.
A Rua do Amor — quem preveria? — tem galpão à venda, de muros tão altos e sem pintura que não se sabe o que se vai por dentro. O que se vê um quarteirão à frente faz até supor que a rua é sem saída. Já não se olha para trás, para o verde, para o mar, tudo que se vê é um encurtamento da perspectiva.
A Rua do Amor — quem andaria? — como qualquer rua, tem esquina, e dá vontade de dobrar à direita ou à esquerda só pra não ter que seguir em frente. Já no terceiro quarteirão, fica estreita, e é guardada por um cão tão sentado, tão triste e tão despelado, que dá pena, muita pena, pena até de si mesmo.
A Rua do Amor — quem cheiraria? — tem um caminhante fixo, um fluxo de água intermitente, que vem com restos de peixe, óleo, mijo e caquinhas. Não se caminha em linha reta, desvia-se de poças, de galos, de gente, de bons-dias.
A Rua do Amor — quem lutaria? —, tem som alto com música de extremas rimas, chão que não bate sol e bagulho adolescente na mais estreita esquina,
A Rua do Amor — quem amaria? — tem uma prosa tão íngreme, tão alta, tão estreita e tão torta, que até parece que é poesia.
Comentários
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E grato, Albir, você até parece que já andou passeando pela Rua do Amor. :)