O SILÊNCIO >> Carla Dias >>

Se eu pudesse fotografar o sentimento que me acompanha, talvez de mim saísse um inquieto oceano. Se pudesse fazer do sentimento uma obra de arte, preencheria vales com misteriosas galerias.
O que há, afinal, dentro do meu dentro? Ao abrir a boca há os dentes. Ao tirar as roupas há o corpo... E se me abrissem o peito?
As perguntas afloram, enquanto caminho pela cidade. As pessoas se atropelam sem se importarem com o outro. Estranho esse mundo que não para diante de tantas dúvidas... Estranho e admiro.
Por isso o meu silêncio...
Hoje eu improviso outros sons: a respiração, os passos cadenciados; até os olhares em busca frenética por horizontes têm lá o seu barulho. Como este que me consome: o que há além do ponto onde encontro a mim mesma?
Ouço o silêncio, tão clara e cruelmente.
Quero corpo que não seja este que já se rendeu ao cansaço. Quero-o de felicidade plena, e que me acompanhe, enquanto caminho por fora de mim, analisando cuidados necessários, as ausências e presenças.
Pensando... Enquanto inventavam a bomba atômica, a maioria de nós plantava sonhos. E eles eram de uma paz que ainda haveremos de reconhecer no mundo.
A sabedoria alheia revelou que ultrapassei as metas que estabeleci. Ultrapassá-las pode ser tão fácil, mas a engenhosidade está mesmo em concebê-las. E se hoje me dói a fatalidade de algumas escolhas que fiz, é de dolência de aprendizado.
Que leveza essa que saboreio; a boca seca, as faces rubras. E meus pés tocando o chão do mundo, lavando-se nos rios que eu pensara não mais existir.
Redescobertas são rituais cordiais com a nossa humanidade.
As pessoas não me olham nessa necessária partilha de espaço. Lado a lado, consumimos a solidão dos acompanhados. E as questões prevalecem, perfilando uma sabedoria tão quieta, que só é possível apreciar nos fins de tarde, o silêncio no talo.
Você pode ouvir o que diz o silêncio?
Imagem: Jim / Unprofound
O que há, afinal, dentro do meu dentro? Ao abrir a boca há os dentes. Ao tirar as roupas há o corpo... E se me abrissem o peito?
As perguntas afloram, enquanto caminho pela cidade. As pessoas se atropelam sem se importarem com o outro. Estranho esse mundo que não para diante de tantas dúvidas... Estranho e admiro.
Por isso o meu silêncio...
Hoje eu improviso outros sons: a respiração, os passos cadenciados; até os olhares em busca frenética por horizontes têm lá o seu barulho. Como este que me consome: o que há além do ponto onde encontro a mim mesma?
Ouço o silêncio, tão clara e cruelmente.
Quero corpo que não seja este que já se rendeu ao cansaço. Quero-o de felicidade plena, e que me acompanhe, enquanto caminho por fora de mim, analisando cuidados necessários, as ausências e presenças.
Pensando... Enquanto inventavam a bomba atômica, a maioria de nós plantava sonhos. E eles eram de uma paz que ainda haveremos de reconhecer no mundo.
A sabedoria alheia revelou que ultrapassei as metas que estabeleci. Ultrapassá-las pode ser tão fácil, mas a engenhosidade está mesmo em concebê-las. E se hoje me dói a fatalidade de algumas escolhas que fiz, é de dolência de aprendizado.
Que leveza essa que saboreio; a boca seca, as faces rubras. E meus pés tocando o chão do mundo, lavando-se nos rios que eu pensara não mais existir.
Redescobertas são rituais cordiais com a nossa humanidade.
As pessoas não me olham nessa necessária partilha de espaço. Lado a lado, consumimos a solidão dos acompanhados. E as questões prevalecem, perfilando uma sabedoria tão quieta, que só é possível apreciar nos fins de tarde, o silêncio no talo.
Você pode ouvir o que diz o silêncio?
Imagem: Jim / Unprofound
Site: www.carladias.com
Talhe - Blog: www.talhe.blogspot.com
Comentários
"As pessoas não me olham nessa necessária partilha de espaço. Lado a lado, consumimos a solidão dos acompanhados."
Esse parágrafo fala por um texto inteiro. Mais uma vez você brilha e a sua sensibilidade transborda.
Sim, às vezes consigo ouvir o que diz o silêncio - e me vejo às voltas com um barulho ensurdecedor...
Super beijo.
Beijo, guria talentosa!