PROVOCAÇÕES DA BENQUERENÇA >> Carla Dias >>
Observá-lo tem sido seu fazer constante e desafiador de irritar rotina.
Nele habitam os gestos que furtam seu fôlego. Os olhares que bagunçam sua alma. Aprecia dele a voz, ela que se mostra em ritmo lesto, fazendo palavras se atropelarem com tal graciosidade, vez em quando.
Ele que é agridoce, que nele moram a erudição e o desvario. Nele se agitam sonhos e medos e desejos, às vezes, equivocados.
Sim, desejos sofrem de equivocação.
Quem o sabe, sabe pouco menos do que saberia se o observasse não apenas com os olhos. Não somente por meio do quem aparenta e do quem ele poderia ter sido e não foi.
Não será.
Não que seja tarefa fácil essa de se aprofundar no outro. Nesse aprofundamento é possível se envolver a enlevos e desenganos amplificados.
Ainda assim, tudo nele soa feito agrado. Predicados todos.
Há tempos imaginava como seria o sentimento de apreço por alguém de quem os fantasmas não amedrontassem. De quem não levasse à fuga, em direção contrária aos abismos particulares.
Por quem aceitasse o desafio de permanecer.
Alguém que inspirasse a ousadia de não temer benquerença.
Imagem: Study of Two Dancers © Arthur B. Davies. Fonte: Online Collection of Brooklyn Museum
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