FELICIDADE>>Analu Faria

Dei pra escrever um "bulletin journal". É modinha, sim. Aderi. Gostei e, como tudo de que gosto, dou um jeito de fazer pouco. Era pra ser todo dia. O "bulletin journal", mistura de agenda, organizador e diário, deveria ter entradas frequentes. O meu tem entradas praticamente quinzenais. Eu sei, é ruim. Eu juro que no futuro, esse tempo próximo o suficiente para ser afastado, eu vou melhorar isso.

Uma das razões pelas quais eu talvez não escreva tanto no meu "bulletin journal" - fora o péssimo hábito de procrastinar - é que eu não sei bem o que escreveria todo dia (ou, ao menos, com certa frequência). Minha agenda já está no celular e não tenho tantos compromissos assim que precisem de tanto papel. Quanto ao diário...

O que as pessoas escrevem em diários? Penso que, como não escrevo com tanta frequência - e queria muito, muito mesmo, ser daquelas amantes da escrita que arranjam um tempinho todo dia para fazer isso - eu deveria pelo menos ter um diário para "descarregar" o palavrório que me vem à cabeça  às vezes no meio do trânsito ou durante o banho. O problema é que abro o livrinho com a página em branco e penso: mas que coisa desimportante!!! Eu, feita do mesmo pó que fez todo os outros seres humanos, o que tenho de especial para ocupar páginas de um livrinho de escrita tão bonito?  Ou de qualquer outro livro? Vou escrever que quero ser feliz, falar dos meus problemas? Ora, todo mundo quer ser feliz! Todo mundo tem problemas!

Você não se sente meio estranho(a) quando alguém começa a te contar algo íntimo de um jeito que parece que os sentimentos envolvidos no caso nunca foram sentidos por qualquer outra pessoa do mundo? Eu me sinto. Fico achando que é gente metida a besta. Por isso eu tenho medo de ser estranha e pretensiosa demais ao escrever "coisas de diário". Tenho medinho de dizer o óbvio, de dizer o que todo mundo sente. Fico imaginando as páginas levantando-se em revolta e dizendo: francamente, minha filha, vai trabalhar! 

Eu obedeço: trabalho, estudo coisas-mundo, teorias jurídicas, filosofias práticas, políticas públicas de resultado. Deixo para depois o que me lembra o pó de que sou feita. Toco o futuro com a mão e o empurro para mais longe.  Até que o fim do ano chegue e eu tenha preenchido um terço do meu livrinho com entradas hesitantes. Isso se eu não desistir antes.

Comentários

Carla Dias disse…
Analu, tenho comigo que, eventualmente, seus diários se tornarão versões dos fatos e emoções pra lá de reais e profundas. Talvez eles se tornem livros. os meus vivem se tornando livros.
Beijos.
Zoraya disse…
Analu, esse seu texto tá cheio de frases maravilhosas:
- no futuro, esse tempo próximo o suficiente para ser afastado, eu vou melhorar isso.
- Fico imaginando as páginas levantando-se em revolta e dizendo: francamente, minha filha, vai trabalhar! (cara, eu RI qdo li isso kkkkk)
- Toco o futuro com a mão e o empurro para mais longe.
Uma crônica leve e engraçada que, de repente, me deu o q pensar...

qto ao diário, faça sim. ele não é para escrever o schedule do dia. ele serve pra gente se desnudar do ego. é bom.
Unknown disse…
Aaa escreve sentimento repetido mesmo... tem que repetir muito pra virar clichê. Escreve bobagem, escreve rascunho de livro, escreve, é pra isso que o diário serve certo?
Analu Faria disse…
Obrigada, pessoal! Acho q isso de escrever diários até dá uma série de crônicas, hein!

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