PENSANDO BEM... >> Clara Braga

Eu sempre gosto de acompanhar a premiação do Oscar. Nem sempre consigo assistir inteiro, afinal, não é sempre que dá pra ficar acordada até 2 horas da manhã de uma segunda-feira. Mas gosto de acompanhar quando saem os indicados, tento assistir a maior quantidade de filmes possível antes da entrega dos prêmios, e participo de algumas promoções dando meus palpites dos vencedores, afinal, vai que em uma dessas eu ganho um ano de cinema grátis, né? Não custa tentar.

Esse ano não foi diferente, acompanhei a festa inteira, consegui ficar acordada até o final e achei interessante reparar que dessa vez não tinha nenhum filme que eu tivesse detestado, mas também não teve nenhum que eu amei de paixão, ou seja, no geral, gostei de todos. Mas claro, tinha meus prediletos em cada categoria. Inclusive, minha predileta para melhor atriz era a Emmanuelle Riva. Não só ela como eu, particularmente, achava que todas as atrizes que estavam concorrendo na categoria mereciam mais do que a Jennifer Lawrence. Não tenho nada contra ela, não me levem a mal, pelo contrário, acho que é uma boa atriz, mas acho que as outras mereciam mais, tendo em vista o papel pelo qual estavam concorrendo.

Comecei a perceber que muita gente compartilhava dessa minha opinião, e então comecei a montar a minha teoria sobre o tombo dela: com todo mundo agourando, é difícil mesmo ficar em pé! E para aqueles que não lembram, ela também subiu para receber o globo de ouro com o vestido se desfazendo! É, alguém ainda duvida que olho gordo pode abalar a pessoa? Segurar inveja alheia é difícil mesmo, não há vestidos nem pernas que aguentem.

Agora, mais difícil do que segurar esse mico todo e ainda fazer piada com o acontecido, foi eu acordando atrasada na segunda-feira pós-premiação, sair correndo de casa toda descabelada, perder a aula, ir para o estágio com a blusa furada e não perceber, esquecer de passar desodorante e ter que ficar torcendo pro calor não me deixar fedendo e então pensar: é, eu ri da Jennifer Lawrence porque ela caiu e pagou o maior mico, e ainda assumo que na hora achei até um pouco bom, já que estava com raiva dela ter sido a vencedora. Mas, no final das contas, ela pagou mico usando nada mais nada menos do que um belíssimo vestido Dior, viu ninguém mais ninguém menos do que Hugh Jackman correndo em sua direção para ampará-la, e tudo isso porque estava subindo as escadas de um belíssimo teatro para receber o maior prêmio do cinema e sendo aplaudida de pé por atores e atrizes maravilhosos. E eu? Eu estava tendo um dia corrido, não podia me dar ao luxo de chegar atrasada a lugar nenhum, nenhum fotógrafo estava interessado em tirar uma foto minha e, ao final do dia, eu ia ser a única batendo palmas para mim mesma por ter conseguido evitar o mico de ficar fedendo e todo mundo sentir. É, acho que vou pensar dez vezes antes de rir da desgraça alheia.

Comentários

Clara, eu que não vi a queda da Jennifer, me diverti com seu quase mico. :)
Pois é, Clara. Compartilho da sua opinião sobre o prêmio - realmente, Emmanuelle Riva merecia muito, e as demais, em maior e menor escala, também (a vencedora, pra mim, em último lugar). Mas quem entende os critérios do Oscar, né? É sempre uma surpresa - e nem sempre boa... No mais, na pele de 'mortais comuns' estamos sujeitos a dias (e micos) como o seu - sem Dior, sem galã, sem glamour ou aplauso. Beijo.
Zoraya disse…
Clara,eu também já esqueci de usar o desodorante, que horror, e o dia estava quente... Agora, na boa, eu passava por todas as desventuras da Jennifer, mais as suas (tirando a do desodorante, que essa eu já paguei), se, e somente se, o Hugh Jackman me amparasse, rsrs. Adorei, pagar micos é uma das coisas boas da vida.

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