POR SER SUA FILHA >> Ana Raja
Inversão de papéis é algo assustador.
Foge à regra
ao curso do rio,
ao tempo da colheita,
ao trailer do filme,
à última página.
Eu vou à primeira aula de ginástica na nova academia com você,
não por ser sua mãe,
por ser sua filha.
Eu vou às consultas, aos laboratórios, à farmácia,
não por ser sua mãe,
por ser sua filha.
Nós vamos ao parque aproveitar a piscina.
Fico olhando você, de longe, a caminhar com água até os joelhos.
Presto atenção se você passou protetor solar, se pegou o chapéu,
tem feito um calor inacreditável.
Não sou sua mãe,
sou sua filha.
Ligo várias vezes durante o dia, apenas para ouvir a sua voz,
saber o que tem feito,
se assistiu a novela,
se fez sua caminhada.
Já tomou o Way?
A nutricionista recomendou consumir junto com o lanche da tarde.
Não por ser sua mãe,
sou sua filha.
Nos despedimos e você vai para a sua casa:
me ligue e dirija com cuidado.
Foi tudo bem no caminho,
tinha trânsito,
pegou engarrafamento?
Vai dormir um pouco.
Quando você cozinha para mim,
os momentos que passamos juntas,
aquilo que os nossos olhos enxergam,
as risadas que trocamos.
Você é minha mãe.
Eu sou apenas sua filha.
Sigo o amor,
me transformo nele
toda vez que penso na nossa conexão.
Nunca farei o papel de mãe.
Sou a sua filha,
só filha,
apaixonada por você.
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