POR QUE SOU LEVADA A ESCREVER? >> Cristiana Moura

Eu tenho necessidade de escrever. Preciso comer, beber água, dormir, defecar, urinar, mover meu corpo, tocar e ser tocada por gente e escrever. É fisiológico. A sensação que tenho, é que se eu não escrever, desenhar seja o que for, criar joias (meu novo aprendizado) eu morro.

Morro quando não invento. Por vezes, me sinto uma morta-viva no mundo, um objeto da casa sobre o sofá defronte à televisão. Um objeto aquecido e sem importância: corpo sem alma — anestesia.

Escrevo para estesiar-me. Escrevo porque quando não o faço tenho prisão de ventre e minha lágrimas endurecem por dentro. A água salgada e presa em meus olhos parece virar granizo e, logo adoeço de uma conjuntivite ou coisa parecida.

Por vezes digo que o que me leva a escrever é gostar de fazê-lo. 

Não é mentira.

Não é verdade.

escrevo por sobrevivência.

Comentários

Zoraya Cesar disse…
Pois escrever, desenhar, tocar um instrumento, fazer joias, qq atividade desse tipo nos torna mais humanos, até mais perto de Deus. E como nem só de pai vive o homem, o ato de criar tb é viver. Que bela crônica, Cris, um prazer!
Ana Raja disse…
Como sobreviver sem permitir que nossas mãos desenhe as letras que muitas vezes nos sustentam? Linda crônica, Cris!
Jander Minesso disse…
Acho que todo mundo tem um motivo. E o seu é intenso de um jeito que me deu até uma ponta de inveja. Belo desabafo, Cristiana; derramou tudo no papel.
Albir disse…
Que beleza, Cris!
Também sinto esse imperativo de escrever. É que às vezes sou muito desobediente.
Anônimo disse…
Concordo com o Jander: cada um tem o seu motivo para escrever. O seu é intenso e a negação pode somatizar. Eu escrevo, também, por um motivo intenso. É como armar uma conta e, depois, efetuá-la. Escrever, para mim, dá uma sensação de controle. Bobagem. Tudo está fora de controle. Escrever é uma ilusão de controle. Necessária como são as ilusões por aqui. André Ferrer aqui.

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