SARAUS >> whisner fraga

 


sexta é dia de sarau aqui em casa,

certamente me equivoco sobre o início da tradição, mas acho que começa assim:

coloco a bolacha no toca-discos, num volume entre o não tirar ninguém do sério e o opa, dá pra escutar bem o solo, fico ali curtindo, olhos cerrados, farejando os aromas dos timbres, imitando, ora o baixo, ora a bateria, a guitarra, claro, sem preocupações com a acuracidade das notas, desta vez nem tento decodificar as letras, mais relaxando, até,

lá pela terceira música, um aviso de passos aligeirados desponta, logo escoltados pela menina, alvoroçada, de mudança: amplificador, pedal, guitarra: volta a música,

volto,

interrompo o trajeto da agulha pelos sulcos, a música chia, não quer o silêncio, recuo ao início, a menina está preparada, os dedos engatilhados nas cordas, o primeiro acorde vem já num trio, ela escolta a banda e parece que estou num show, ali ao lado do palco, como quando fomos ver o blaze bayley (ex-iron maiden, nem sei se é bom lembrar) e era tão pouca gente no bar que eu e meu irmão cantamos when two worlds collide ao lado dele, ao lado, mesmo!, chegamos a abraçar o pobre coitado e a dividir o microfone,

o quarto fica meio apertado para tanta parafernália, sugiro irmos para a sala, onde a menina dedilha umas seis ou sete músicas,

com o tempo, o repertório foi aumentando e hoje a sessão é dividida em duas partes: guitarra e baixo, e com direito a bis,

o celular é bem proibido nestas apresentações, ai de quem desobedecer,

há uma exceção: quando queremos gravar algum trecho para o grupo da família, isso com a permissão da menina, nem sempre possível,

(somos três, o evento ainda não está aberto ao público)

recentemente disponibilizamos também os sábados para os shows, mais para o final da tarde, às vezes à noite, mesmo, quando não temos nenhum compromisso,

estou desconfiado que, em breve, os entardeceres de domingo ganharão os acordes e a felicidade da menina,

a nossa, também.


----------


imagem: dall-e.

Comentários

Carla Dias disse…
A menina ainda se tornará uma banda. Mas espero que as apresentações sejam abertas em breve ao público. Que a menina sabe lidar com música, baixo ou guitarra, já sei. Quero ver o sarau-show. :)
Zoraya Cesar disse…
que finais de noite de sexta maravilhosos, Whisner! Adorei a descrição dos momentos, primeiro vc, depois os passos da menina, tudo como se fosse um ritual. Maravilhoso!
Jander Minesso disse…
Whisner do céu, rolei de rir com a franqueza no comentário do Blaze!
Cara, que delícia ler essas histórias da menina pelo mundo da música.
Albir disse…
Com a menina de anfitriã, qualquer atividade é aventura.

Postagens mais visitadas