DICA >> JANDER MINESSO

 

Conforme deprecado por alguns dos mais ilibados mestres na arte da Escrita, o segredo para um texto mais poderoso pode ser cindido em duas premissas igualmente fundamentais. A primeira postula que, independentemente da trama tecida pelo léxico do autor, é mister que sua pessoa, enquanto força criativa, coloque como condição sine qua non da própria escrita o compromisso de exercer a Arte com absoluta franqueza para consigo. Igual importância reside também na inexorável necessidade de utilizar a linguagem – esta ferramenta e veículo do conteúdo – da maneira mais explícita, manifesta e inteligível que sua perícia for capaz de entregar.

Ou, colocando de uma maneira quiçá menos rebuscada: ao transferir suas quimeras para o suporte midiático escolhido, tome por base assuntos ou pontos de vista que sejam parte de um universo interior vivaz. De mais a mais, compreenda tal fato como a necessidade de abordar questões capazes de suscitar emoções lhanas no autor enquanto este derrama suas ideias sobre o papel ou equivalente. Há que se considerar também a relevância ímpar de buscar uma linguagem tão pouco elíptica quanto possível, com vistas à plena assimilação dos tópicos celebrados. O foco deve ser aquele que se encontra no extremo final do continuum da comunicação, vulgo receptor.

Ou então, simplificando o conceito: ao transformar suas ideias num código escrito, procure fazê-lo abordando em seu debate assuntos cujas premissas ressoem com um brutal ímpeto interior, tão forte que possa propelir sua escrita adiante por sua única e exclusiva potência. Outrossim, evite volutas textuais e ornamentos demasiado barrocos, focando na acessibilidade ao leitor e no discurso objetivo.

Outra maneira de entender tal conceito seria: crie seus textos abordando sensações, temas e fatos nos quais você deposite toda a fé do seu ser. Ademais, busque o máximo de simplicidade e objetividade possíveis.

Ou ainda: escreva sobre aquilo que você acredita e seja o mais claro que puder.

Resumindo: seja sincero e não enrole.

Imagem: Pixabay

Comentários

sergio geia disse…

Ratifico.

Como eu, você se filia à corrente majoritária; ou não rsrs.

Bela sacada, meu amigo.
Cleber disse…
De A a Z, rs…
Curioso pensar que seria um texto interessante pra avaliar o nível de interpretação dos vestibulandos da FUVEST que ocorre exatamente hoje.
Ana Raja disse…
Os caminhos misteriosos da escrita. Tantas regras, fórmulas...armadilhas que encontramos em cada virada de página.
André Ferrer disse…
Adorei. É uma denúncia. Hoje e sempre, quem rebusca tem muito a esconder. Políticos, vendedores de curso online, oradores espiritualistas, enfim, todos esses rebuscam porque têm muito mais para esconder do que para mostrar.
Adorei! A cadência do texto está muito boa, uma verdadeira demonstração da inutilidade da escrita rebuscada. Sempre digo aos meus alunos: se você tem que ler várias vezes o parágrafo para entender uma ideia que finalmente é simples, é porque está mal escrito. Tendo dito isto, não podemos ignorar o prazer de abordar as sutilezas do pensamento através da escrita…
Emerson disse…
Dado os devidos vertesse da eloquência das soberbas aramaicas palavras, foi lindo!
Zoraya Cesar disse…
hahaha, o poder da concisão! adorei vc ir resumindo e cortando parágrafo por parágrafo até terminar em um frase kkkk muiiiito bom! Divertido e educativo (hehehe, acho q vc vai quicar qd ler esse 'educativo'). Pensei q, ao final, vc fosse citar Tolstoi: se queres ser universal, fale sobre sua aldeia. Algo assim.
Carla Dias disse…
Minesso, achei genial uma frase resumir o texto todo. Eu gosto quando você usa a ironia para apontar excessos. Se bem que, pensando nisso tudo que você apresentou, acho que tenho culpa no cartório.
Albir disse…
Rsrsrsrsrs, muito bom! Como deprecado, não enrole!

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