A OUSADIA DA BAILARINA >>> Nádia Coldebella

Moveu-se.
Levemente, pensou. 
Shiu!
Silenciou.
Não se deixou notar.
Encolheu-se.
Ponteira e sapatilha.
Elásticos e fitas
Tudo no lugar.
Um coque bem preso,
Esparadrapo nos dedos.
Mordaça nos medos.
Iguais, perfeitas, cadenciadas.
Todas uma.
Esbeltas, eretas - cansadas.
Shiu!
Ritmadas, disciplinadas.
Elevê, relevê, pliês, 
Sauté, novos e infinitos plíês
Sim senhor, obrigada.
Concentradíssimas na ponta dos pés
Rosa e branco, branco e rosa.
piruetas monocromáticas
os sonhos também.

Levantou-se.
Espantou.
Suspiros no ar.
Sapatilhas vermelhas a girar.


Arte: Nádia Coldebella

Para minha sobrinha, a quem desejo uma vida disciplinada, mas ousada e cheia de cor!

Comentários

Zoraya Cesar disse…
Que graça! Leveza, poesia e pureza em alto estilo. E a arte, hein, Veludosa Nádia? Cada vez melhor!
branco disse…
ia comentar alguma coisa. desnecessário seria comentar alguma coisa. não comento então, releio.
Albir disse…
Também não comento. Vejo, sinto e ouço!
Cristiana Moura disse…
Vontade de dançar, arremeçar sapatilhar e rolar no chão! — é o que sinto agora! Lindeza de poema me atravessando!

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