EU FARIA ISSO? >> Clara Braga


Outro dia estava conversando com uns amigos e um deles contou sobre um lugar, não me lembro qual, no qual as pessoas quando chegam cedo no trabalho, estacionam distante da entrada, afinal, chegaram cedo, têm tempo para caminhar tranquilamente e chegar sem pressa. Dessa forma, as vagas próximas da entrada ficam vazias para as pessoas que chegam atrasadas, então elas estacionam perto e não precisam caminhar muito, apenas entram e já começam a trabalhar.

Claro que o comentário geral foi: nunca que isso aconteceria aqui em Brasília. Poderia até acontecer em algum lugar no Brasil, mas em Brasília, que já não tem vaga em lugar nenhum e você tem que improvisar estacionamentos? Jamáis!

Realmente, tá difícil algo do tipo acontecer por aqui, mas eu fiquei pensando que a gente tem mania de dizer que seria ótimo se algo desse tipo acontecesse, mas nunca vai acontecer, mas não pensamos no porque esse algo nunca aconteceria. O que precisamos mudar para que isso aconteça? Nós podemos fazer nossa parte?

A primeira pergunta que temos que nos fazer é: nós estaríamos dispostos a parar distante pelo conforto do outro? Sejamos sinceros, a maioria de nós não está e os motivos são os mais diversos, e nem sempre estão ligados a grande questão do egoísmo que já tomou conta de nós! No meu trabalho, por exemplo, quem estaciona longe tem que parar no barro. Não só o carro fica imundo como o caminho que você percorre a pé até a porta do prédio também é de barro, o que faz com que muitas vezes você chegue com o pé e com a barra da calça toda suja.

Tudo bem, alguns podem achar que esse primeiro motivo é um tanto fútil, então vamos seguir para o próximo. Falta de segurança nos estacionamentos distantes! Muitas vezes esses estacionamentos são isolados, improvisados e sem luz. Mais uma vez utilizando o meu trabalho como exemplo, dois colegas que estacionaram o carro no estacionamento mais distante foram vítimas de roubo. Um deles teve o porta-malas do carro aberto e levaram o step, e o outro encontrou o carro no chão, sem as quatro rodas. Isso sem falar dos roubos de som. E nem pensem que colocar um som ruim vai adiantar alguma coisa, minha tia uma vez trocou o rádio com CD pelo toca fitas para não ser roubada e... surpresa! Foi roubada da mesma forma!

Outra questão importante é: em uma cultura como a brasileira, na qual estamos acostumados a marcar um evento para às 20h porque sabemos que as pessoas só vão chegar às 21h, como definir quem chegou cedo e quem está atrasado? Somos todos, de forma generalizada, um monte de atrasados, a verdade é que precisaríamos de um estacionamento gigante de vagas próximas! E chegaríamos todos mais ou menos na mesma hora, correndo esbaforidos! Para nossa sorte existe cinema em Brasília, o único evento que ainda começa na hora e nos faz lembrar de olhar para o relógio!

Percebem? Muita coisa ainda precisa mudar para começarmos a estacionar longe em prol do conforto de alguém. Infelizmente, hoje em dia, o conforto do outro pode significar um grande perigo para você.

Ah, mas vale ressaltar que isso não é desculpa para que comecem a usar as vagas de deficientes e idosos por ai hein, pelo amor de deus, ai já é questão de educação! 

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