rituais >> whisner fraga
durante a pandemia assistimos a uma série bem bonitinha,
principalmente a menina e eu,
queríamos algo que não fosse cabeça demais, só uma história mais ou menos, algumas gargalhadas, algo que nos fizesse esquecer um pouco as notícias lá fora,
zapeamos e escolhemos "how i met your mother",
cinco meses e nove temporadas depois, lamentamos que nossa diversão chegasse ao fim,
nos divertíamos com as conversas entre ted, barney, marshall, robin e lily no maclaren's pub, cheias de tirações de sarro e outras tretas politicamente incorretas,
quem narra a trama é o ted do futuro - um sujeito onisciente, que consegue ler pensamentos, estar em todos os lugares e tempos, um semideus, resumindo,
foi a menina que notou: como é que ele está contando essa história se ele nunca pisou ali?,
como não queríamos problematizar essa questão do narrador nem qualquer outra, deixamos na conta da imaginação,
depois de muito tempo (imagino quem assistiu à série quando foi exibida pela primeira vez, de 2005 a 2014), entre viagens, devaneios, desvios, enrolações, furos no roteiro, finalmente conhecemos a mãe do título, a companheira do ted,
e a espera valeu a pena,
em abril deste ano a menina propôs revisitarmos os cinco amigos: desafio aceito!,
agora, em outubro, chegamos ao último capítulo,
todos os dias, durante estes meses, tivemos nosso ritual: chá de erva-doce com capim colônia, sofá, play, risadas,
e agora, nossa liturgia está em risco?,
ah, não, ontem mesmo pesquisamos e decidimos por that '70s show,
(até pensamos em how i met your father, mas não temos ânimo para encarar uma sitcom suspensa na segunda temporada),
dedos cruzados,
que michael e donna não nos decepcionem.
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